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“Os dois pontos sensíveis de Vale de Cambra são os idosos e as empresas”

“Sensíveis, do ponto de vista do quão afetados estes dois grupos podem vir a ser relativamente à propagação do novo coronavírus”, alertou o médico Cândido Campos em entrevista ao jornal Voz de Cam- bra, a 16 de março, com apenas um caso confirmado de COVID-19 no concelho.

O médico Cândido Campos expli-
cou ao jornal Voz de Cambra que, num concelho envelhecido como o nosso, são precisos cuidados redobrados, tendo
em conta o elevado índice de população envelhecida. “A população envelhecida do nosso concelho é a mais critica neste momento. Temos, em Vale de Cambra, uma percentagem elevada de idosos e é, sobretudo, com eles que nos devemos preocupar porque facilmente ficam doentes com gravidade e com risco de letalidade elevada e, facilmente, também transmitem o vírus aos seus cuidadores”, alertou o médico valecambrense.

Cândido Campos disse que é impor- tante que as pessoas tenham a perceção que, do ponto de vista do novo corona- vírus, com os dados que temos até ao momento, os idosos são os grupos mais vulneráveis. “Há muitos idosos nos lares, permanentemente, e outros que frequen- tam os centros de dia e ainda outros que têm apoio domiciliário, para os quais,
os cuidados devem ser redobrados não esquecendo a rede de cuidadores que circulam com eles e entre eles”, acres- centou. Por outro lado, a atenção vira-se para as empresas, atendendo à sua especificidade de laboração, com traba- lhadores especializados que trabalham, predominantemente, no estrangeiro, um pouco por todo o mundo, com viagens e permanências frequentes nesses países, aumentando assim o risco do contami- nação e transmissão do vírus, referiu ainda o profissional de saúde.

“Temos um concelho industrial, com empresas com forte presença no estran- geiro, com muitos trabalhadores que circulam nos aeroportos e que podem ser veículos de transmissão do vírus”, acrescentou. Cândido Campos é mé- dico com pós-graduação em doenças respiratórias e, para além da experiên- cia que obteve enquanto coordenador distrital da extinta Sub-Região de Saúde

de Aveiro para Doenças Respiratórias Crónicas, foi também responsável pelo CDP de Vale de Cambra durante todo o seu funcionamento e faz agora parte do grupo de acompanhamento do plano de contingência para COVID-19, no Municí- pio de Vale de Cambra. Sobre o número crescente de casos em Vale de Cambra e em Portugal, Cândido Campos disse que isso indicia que vai haver mais casos.

“A sociedade está adormecida para a realidade e ainda falta muita informação e formação nesta área”, sublinhou.

O médico valecambrense disse que cabe aos serviços de saúde, mas sobretu- do à população fazer o que lhe compete que é “diminuir o risco de transmissão, identificar precocemente os doentes e potenciais portadores do vírus e conter a transmissão e infeção”, defendeu.

“É preciso mobilizar quem gere os municípios, instituições empresas e a comunidade em geral e levar a infor- mação e formação a toda a gente, tirar dúvidas, responder a perguntas e reforçar a prática de atitudes e comportamentos adequados”, reforçou. Cândido Cam-

pos reforçou a mensagem de que está
ao alcance de todos nós, fazer alguma coisa em relação ao controle deste surto, como: “lavar frequentemente as mãos com água e sabão ou sabonete e secá-las muito bem no fim, de preferência, com papel que deve ser eliminado no fim em saco lixo fechado; desinfetar as mãos com álcool ou álcool/gel e, neste caso, não se deve limpar as mãos mas antes deixá-las secar por si; tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir com lenço de papel que deve ser de imediato posto no saco de lixo fechado ou tossir ou espirrar para lado sobre o cotovelo”, exemplifi- cou. O profissional de saúde disse ainda que Portugal vai passar a ter casos mais graves e que, dificilmente se saberá nesta fase precoce e ao certo, quando se vai atingir o pico da epidemia.

O país está a entrar numa fase expo- nencial de aumento de casos e, como tal, deixa um apelo aos valecambrenses e à população em geral. “Fiquem em casa, cuidem de vocês e dos vossos e sigam as indicações da Direção Geral de Saúde. Sejam rigorosos e cumpridores. Só assim conseguiremos reduzir a propagação deste vírus na sociedade que só agora e, lentamente, se está a desenvolver neste processo”, concluiu.

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