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Restaurantes valecambrenses contra medidas impostas pelo Governo. Alguns podem não sobreviver até ao fim do ano

António Lopes, proprietário do “Colher de Pau” tenta colmatar as despesas do restaurante, na Rua da Fábrica, em Vale de Cambra, e que, face à crise provocada pela pandemia de covid-19, estão a ser difíceis de cobrir. A situação de “desespero” estende-se a todo o setor face às novas restrições anunciadas para combater a pandemia.

A situação estende-se a todo o setor de restauração da cidade e do concelho de Vale de Cambra, que ainda não obrigou ao fecho das suas casas, mas está lá perto.

Em declarações ao Voz de Cambra, António Lopes, proprietário do restaurante “Colher de Pau” explicou que as novas medias são insuportáveis à sobrevivência do negócio com 20 anos de existência.  

“Temo que não consiga chegar ao final do ano”, lamenta o empresário. 

Em causa estão as novas medidas de restrição anunciadas pelo Governo esta semana, nomeadamente o recolher obrigatório a partir das 13 horas nos dois próximos fins de semana nos 191 concelhos mais afetados pela pandemia, que se junta ao já determinado encerramento dos restaurantes às 22.30.

Vale de Cambra faz parte dos concelhos de maior risco de contrair a doença e, por isso, enfrenta as consequências destas restrições, que estão a levar muitos restaurantes ao desespero. 

Se é certo que alguns estão a trabalhar em “take away” e têm conseguido suportar os custos, muitos são aqueles que isso não é tão fácil porque os pratos confecionados não se adequam a este tipo de serviço. 

“Aqui fazemos vitela assada, bacalhau no forno, grelhados a sair da brasa, que devem ser comidos na hora, a sair da cozinha para a mesa dos clientes”, lembra. 

Depois do primeiro confinamento e com uma equipa de seis trabalhadores, António Lopes vê-se agora com dificuldades em pagar ao fim do mês.

“Até aqui Investi e fiz um esforço para conseguir pagar as minhas contas, mas começa a ser difícil, principalmente com as novas medidas”, refere. 

“Fechar às 22.30 já foi uma medida que nos prejudica muito, mas fechar aos fins de semana às 13 horas, é para acabar mesmo o negócio”, frisa. 

Depois de seis meses com uma quebra de 70% na faturação, era no fim de semana que António Lopes conseguia a maior percentagem de faturação.

“Neste momento, o fim de semana é que nos dava para sobreviver”, salienta.

Aqui, o problema não é apenas financeiro ou de quebras nos lucros, refere o proprietário.

“Estamos a falar de uma questão de sobrevivência”, explica. 

O empresário lamenta ainda que as novas medidas não tragam apoios associados.

“Podíamos até fechar mas tinham de nos subsidiar e não tirar simplesmente os clientes”, explica. 

António Lopes acusa o Governo de estar sempre a mudar de estratégia. 

“Primeiro impôs o limite de cinco pessoas por mesa, depois passou a seis, logo a seguir foi encerrar às 22:30 e agora às 13h nos fins de semana. Assim é muito complicado sobreviver”, garante.  

O proprietário acredita que, para os clientes, isto possa gerar confusão e considerar serem estes locais de contágio.

“Desde o início da pandemia que reduzimos para metade o número de mesas e de pessoas no estabelecimento. De 64 passamos para 32 pessoas no restaurante. Temos desinfetante em vários pontos da sala e temos os maiores cuidados com a desinfeção do espaço. Não somos local de contágio e acredito que a maioria dos restaurantes estão a cumprir estas regras”, afirma. 


Os donos dos restaurantes têm-se manifestado um pouco por todo o país e também a Associação Empresarial de Cambra Arouca (AECA) exige o alargamento da hora de almoço dos sábados e domingos até às 15h seria uma medida mais rentável para os restaurantes, bem como pedem que seja feita uma maior fiscalização, aos estabelecimentos que não cumprem as recomendações de segurança da DGS.

“Se conseguíssemos estar abertos até às 15h aos fins de semana, não perderíamos tudo como se vai verificar com esta medida”, refere ainda o proprietário António Lopes. 

A AECA reagiu negativamente à decisão do Governo de decretar a proibição de circulação, nos concelhos determinados com risco elevado (onde se incluem os concelhos de Arouca e Vale de Cambra) e lembrou que esta decisão irá ter graves consequências no comércio e restauração e na economia destes concelhos e em Portugal em geral. 

“Apesar de os restaurantes não terem de fechar portas, esta fase não deixa de ser um encerramento de porta aberta visto os restaurantes continuarem abertos, mas completamente vazios”, informou Carlos Brandão, presidente da AECA, associação que representa o comércio e empresas do concelho de Vale de Cambra.  

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