Site icon Voz de Cambra

“Vender uns sapatos ao postigo não funciona da mesma forma que outros negócios”

Os comerciantes de Vale de Cambra com lojas de bens não essenciais puderam, esta segunda-feira, retomar a venda ao postigo. Mas nem todos estão convencidos de que esta medida possa vir a repor as perdas de dois meses de confinamento. O Voz de Cambra foi saber como correu a abertura ao público de uma sapataria no centro da cidade, que sofreu perdas de 98% no último mês. 

A porta abriu-se logo pela manhã. Lá dentro, enfeites da Páscoa adornam a nova coleção de sapatos e carteiras de primavera/verão. Cá fora, Fernanda Gregório colocou um balcão onde faz o atendimento aos clientes que, por agora, a medo, vão espreitando as novidades, sem que possam entrar no estabelecimento.

“As pessoas é que vão ter de me dizer o que querem e eu vou buscar. Algumas têm vindo espreitar mas só ainda atendi uma cliente que calçou os sapatos aqui no tapete da entrada”, refere a gerente de um dos comércios da cidade de Vale de Cambra. 

A Sapataria Passerelle fica na Av. Infante D. Henrique 91, uma das avenidas principais do centro de Vale de Cambra. Fernanda dá os últimos retoques às vitrinas e à fonte que montou alusiva ao padroeiro do concelho – o Santo António. 

Este é um dia especial, sendo também a inauguração do novo espaço. Situada há vários anos numa outra avenida principal da cidade, Fernanda Gregório aproveitou o confinamento para mudar de instalações, porque aquelas já não satisfaziam a necessidade de colocar mais produtos à disposição do cliente. 

“Esta é uma loja três vezes maior, com mais luz e muito mais moderna, onde posso diversificar muito mais”, explica. 

Noutra circunstância, este seria um dia de festa e talvez de vendas mas as limitações impostas pelo Governo devido à pandemia, em que volta a ser permitida a venda ao postigo no comércio de bens não essenciais, não tornam este dia assim tão especial. 

A comerciante de Vale de Cambra mostra incertezas na venda ao postigo e revela a dificuldade que tem este tipo de negócios neste contexto. 

“Vender uns sapatos ao postigo não funciona da mesma forma que outros negócios. Os clientes vêm comprar uns sapatos e querem entrar e experimentar e verem se lhes fica bem”, frisa. 

A experiência do desconfinamento do ano passado traz algumas esperanças. “Os clientes vinham com vontade de comprar depois de meses encerrados, mas ainda assim tenho receio que isso não venha a acontecer, agora”, acrescenta. 

Com perdas de 60% no primeiro mês de confinamento em janeiro e de 98% em fevereiro, Fernanda Gregório tem agora esperança que, com a Páscoa à porta, uma época que “costuma ser boa para facturar”, consiga repor pelo menos metade das perdas. 

Partilhar
Exit mobile version