Docente de Geografia, no Agrupamento de Escolas do Búzio, Maria José Gomes faz uma análise aos dados dos Censos 2021 e refere que é urgente implementar políticas demográficas direcionadas para o rejuvenescimento da população.
No âmbito geográfico da Área Metropolitana do Porto, Vale de Cambra é dos municípios com menor densidade populacional (144 hab./Km2). Apenas o concelho de Arouca apresenta um valor inferior. A nossa densidade populacional contrasta com todos os concelhos limítrofes, sendo que São João da Madeira se destaca com valores significativamente superiores (2 772 hab./Km2). É o terceiro município com maior densidade populacional, a seguir ao Porto e a Matosinhos, respetivamente.
Vale de Cambra segue o padrão de retração demográfica de Portugal, mas de forma mais acentuada. À data de referência dos censos 2021, o nosso país conta com 10 347 892 residentes, o que representa um decréscimo de 2% face a 2011, enquanto o concelho registou uma perda de 6,9%. Para além do número de indivíduos há que olhar para a estrutura etária da população valecambrense que testemunha, na atualidade, um concelho grisalho. Uma das características mais evidentes da evolução demográfica do concelho ao longo das últimas décadas tem sido o duplo envelhecimento, ou seja, o decréscimo da população jovem e o aumento da proporção de idosos.
Esta realidade demográfica, que segue a tendência do país, acarreta um conjunto de implicações sociais e económicas para o concelho que é imperativo resolver. Para contrariar este cenário e promover o desenvolvimento sustentável do território urge implementar políticas demográficas direcionadas para o rejuvenescimento da população, nomeadamente, medidas de incentivo à natalidade, à imigração, mas também, à permanência dos atuais residentes.
Poderão ser exemplo destas medidas as seguintes iniciativas: apoios financeiros atribuídos a cada nascimento ou adoção em agregados familiares residentes e recenseados no concelho de Vale de Cambra; apoios às famílias nas despesas da educação; parcerias com as empresas, tornando-as mais “amigas da família”; promoção e mediação de protocolos entre os setores académico e empresarial, no sentido de ajustar a oferta educativa e formativa às necessidades do mercado de trabalho concelhio; investimento em percursos de educação e formação de jovens adultos; benefícios fiscais para as famílias em função do número de filhos; ao nível dos equipamentos coletivos, aposta no desporto, na cultura e nos serviços sociais de saúde; ao nível de habitação, criação de condições para aumentar a construção e a oferta de habitação a preços competitivos, etc. Estes são apenas alguns tópicos que permitiriam alterar a situação.
Vale de Cambra não tem uma verdadeira política de habitação, cultura, saúde, desporto, turismo, etc., e é isto que a população precisa, é isto que a população procura. Os municípios vizinhos, que melhor servem a população nestes contextos de vida, serão o destino de acolhimento da nossa gente. Vale de Cambra está dotado de condições naturais, infraestruturais, empresariais, entre outras, capazes de promover boas condições de vida aos valecambrenses e a outros que nos procurem, assim como proporcionar dinamismo económico.
Haja estratégia de desenvolvimento, criem-se elos fortes de ligação com o tecido empresarial, criem-se condições para que, quem tão generosamente luta para desenvolver a atividade desportiva, consiga ver resultados e o seu trabalho reconhecido. Considerem-se, estas medidas, um investimento em prol do nosso concelho e não só e apenas uma fonte de despesa. Vale de Cambra tem tudo para vingar, Vale de Cambra está a “dois passos” do Porto, sede da nossa área metropolitana. Vamos todos colaborar por um concelho de eleição para viver”.