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Presidente da Liga dos Bombeiros em Vale de Cambra: “O modelo das Equipas de Intervenção Permanente não é bom e, no final de 17 anos, devia ser revisto”

“É fundamental que o modelo organizativo seja substituído”, afirmou este sábado o presidente da Liga dos Bombeiros, António Nunes numa conferência sobre a importância das Equipas de Intervenção Permanente (EIP), promovida pela Associação dos Bombeiros de Vale de Cambra. 

António Nunes referia-se às condições de “trabalho precário”, às “desigualdades na tabela remoneratória” e à “falta de um estatuto adequado” dos elementos que constituem as 735 equipas de intervenção permanente existentes no país. 

“Os cidadãos não reconhecem estas equipas porque os consideram a todos bombeiros e querem é ser socorridos, mas é importante que percebam a diferença que estas equipas fazem na hora de dar resposta às necessidades da população”, referiu o presidente da Liga, naquela que foi a primeira conferência sobre o tema, no país, desde a constituição das EPI´s, em 2007. 

Para tal, o responsável disse que é preciso dar-lhes as condições necessárias ao seu funcionamento e faz um apelo às entidades competentes, para que se reunam e façam uma reforma do sistema “provisório” há 17 anos, que teme que venha a ser definitivo. 

Um exemplo disso veio da plateia, com o testemunho de um chefe da EIP de Aveiro que, agora com 45 anos, se vê obrigado a abandonar a Equipa por esta ser a idade limite para o cargo, sendo que, também só podem ser candidatos a integrar uma EIP´s os bombeiros que, no momento da candidatura, possuam idade compreendida ente os 20 e os 40 anos.

“Sentemo-nos à mesa e falemos de questões como esta, para que, daqui a um ou cinco anos, não continuemos a dizer que os bombeiros são imprescindíveis, mas não lhes criamos as condições necessárias para se sentirem amados”, sublinhou.  

“A forma como são constituídas as equipas, a sua manutenção e os seus direitos deixam muitas dúvidas e, 17 anos depois, já era tempo de pensar de forma diferente”, reforçou ainda.  

As equipas de intervenção permanente são suportadas financeiramente, em partes iguais, pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e pelas Câmaras Municipais.

“Basta que um município ou uma associação, não queria fazer parte deste acordo tripartido, para determinada zona populacional não ter uma EIP”, afirmou António Nunes, em declarações ao Voz de Cambra.

O presidente declarou ainda que cabe ao governo central encontrar os mecanismos necessários para poder alterar esta situação. 

A sessão, que decorreu no Centro Cultural, em Macieira de Cambra, no concelho de Vale de Cambra, contou também com a presença de André Macedo Fernandes, Comandante Nacional de Emergência e Proteção Civil, a direção e corpo de bombeiros de associações humanitárias de vários pontos do país. 

Participaram neste debate, o presidente da Federação dos Bombeiros de Aveiro e presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros de Vale de Cambra, Miguel Aguiar Soares, o comandante da corporação, Victor Machado e o presidente da Câmara de Vale de Cambra, José Pinheiro. 

Recorde-se que Vale de Cambra tem duas Equipas de Intervenção Permanente composta por um total de 10 bombeiros profissionais disponíveis para assegurar em permanência o socorro às populações em caso de incêndios, inundações, desabamentos, abalroamentos e em todos os acidentes ou catástrofes e também na colaboração em outras atividades de proteção civil, no âmbito do exercício das funções específicas que são atribuídas aos corpos de bombeiros.

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