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    Um ex-voto a Santo António

    Cristina Maria SantosBy Cristina Maria SantosJunho 17, 2024Updated:Junho 17, 2024Sem comentários4 Mins Read

    Santo António faz parte do património identitário e cultural portugueses, cuja presença se manifesta de múltiplas formas, quer pela devoção que se lhe presta, quer pelas festas em sua honra. Vale de Cambra elevou-o a padroeiro do concelho com a aprovação, pelos órgãos autárquicos, do dia 13 de Junho, o dia em que a Igreja faz memória deste Santo, como feriado municipal, projectando a festa antoniana, que se celebrava na vila de Vale de Cambra, a festejos oficiais do município.

    Uma das formas de culto a Santo António é o agradecimento pelos «milagres» concedidos – o ex-voto. Sinal de reconhecimento por uma graça recebida, o ex-voto traduz um compromisso assumido num momento de aflição, mas também de esperança em relação a um problema para o qual se pediu a intervenção miraculosa do divino. Referenciado na linguagem popular por: oferta, promessa, milagre…, pode dizer-se que o ex-voto constitui a materialização de um agradecimento, que concretizado pelo devoto das mais diversas formas – da realização de uma simples novena ou peregrinação, à edificação de um templo, passando pela oferta de objectos de cera ou de singelos quadros pictóricos, designados «quadros de milagres» –, salda a dívida contraída para com um protector celeste – Cristo, a Virgem ou um Santo – dando ao mesmo tempo público reconhecimento do poder daquele que foi medianeiro e advogado em momento de angústia.

    No Concelho, no Santuário de Nossa Senhora da Saúde subsiste um ex-voto da invocação a Santo António, o que não é de estranhar, uma vez que a tradição popular diz ser a ermida da Senhora da Saúde sucessora de um oratório da invocação à Virgem e a Santo António, conservando-se deste Santo uma imagem do século XVI, em pedra de Ançã policromada.

    Seguindo a habitual estrutura rectangular nos «quadros de milagres», o ex-voto retracta, na parte esquerda da superfície pictórica, a «agraciada» no leito, acompanhada pelo marido que voltado para o Santo por si invocado, pede a graça em postura de prece. A parte direita é ocupada por Santo António representado no espaço sagrado, definido por nuvens e estrelas. Como era norma, ao fundo organiza-se a legenda dando conta do sucedido, a qual no caso presente se encontra parcialmente imperceptível, permitindo apenas identificar o local de origem dos intervenientes – Macinhata da Seixa e parte da data – 18…9. Sendo evidente o carácter popular da pintura, visível no arranjo simples do cenário do típico quarto de dormir, na ingenuidade do desenho e na ausência de perspectiva, o artista anónimo que o executou, ainda que de limitados recursos artísticos, conseguiu contudo um quadro harmonioso e expressivo, através do uso de uma policromia viva e da disposição das nuvens e estrelas a demarcar o espaço celeste, que conferem genuinidade à narrativa.

    EX-VOTO A SANTO ANTÓNIO
    Portugal – Século XIX
    Pintura a óleo sobre madeira
    A. 27,5 cm x L. 37 cm
    Inscrição: MILAGRE Q. F. es ASa (…) MACINH /ATA DA SEIXA Q. ESTANDO (…) de 18(…)9.
    Transcrição: Milagre que fez a S … Macinh / ata da Seixa que estando … de 18…9.
    Paróquia de S. Pedro de Castelões

    O ex-voto de evocação a Santo António, seguindo o esquema habitual dos quadros
    narrativos apresenta dois espaços definidos, vendo-se no lado esquerdo, no interior de um quarto de dormir, o «miraculado» deitado sobre almofada branca e entre lençóis da mesma cor, numa cama de ferro, de cabeceira alta encimada por cruz, coberta com colcha vermelha, como era corrente na época. Aos pés do leito, encontra-se um familiar, provavelmente o marido, de joelhos por terra e mãos
    postas implorando a Santo António, que figura no lado direito num espaço celeste, definido no lado direito e no topo por um remate de nuvens pintadas em forte tons de azul. O Santo, aureolado e envergando hábito franciscano cingido por cordão, sustenta uma cruz na mão direita e, na esquerda, sentado sobre o livro o Menino Jesus, também aureolado, que se apresenta desnudo, com a mão
    esquerda erguida e sustendo na direita o globo terrestre. Evidenciado o plano celeste e sua qualidade de intercessor privilegiado, a quem a tradição e o imaginário popular atribuem múltiplos milagres, Santo António está envolto em estelas, que reforçam a dimensão celestial. Inscrita numa faixa junto à base, uma legenda, pouco perceptível por apresentar sobre si uma outra inscrição, identifica o «milagre».

    Texto e imagem: Maria Clara Vide, Investigadora

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    Maria Clara Vide

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