A Federação dos Bombeiros do Distrito de Aveiro (FBDA) pede ao Governo ajuda financeira imediata aos bombeiros para que consigam resistir ao aumento do preço dos combustíveis, reclamando medidas de acesso ao gasóleo verde, dedução de impostos e aumento da comparticipação.
O presidente da Federação dos Bombeiros do distrito de Aveiro, Miguel Aguiar Soares explica ao Voz de Cambra, a urgência em encontrar medidas que respondam aos efeitos financeiros provocados pela subida dos preços de combustíveis, em particular do gasóleo.
“No nosso distrito, como em todo o país, as Associações percorrem centenas de milhares de quilómetros anuais”, refere.
O também presidente da Associação Humanitária de Vale de Cambra, dá o exemplo da corporação de Vale de Cambra, que consome, em meses normais uma média de 10.000 litros de combustível, nas diversas respostas que dá.
“Falamos de consumos no transporte de doentes não-urgentes e na frota de socorro mais ligeira, como ambulâncias de socorro e INEM, sobre que faturamos ao SNS. Do preço que é pago, ao km, cerca de 45% são, aos preços de hoje, relativos a combustível. Continuamos a ter que pagar salários, consumíveis, seguros, etc.”, sublinha.
Esse consumo continua a aumentar cerca de 50% nos meses do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais, disparando sempre que há uma ocorrência significativa.
As 25 associações de corpos de bombeiros do distrito de Aveiro estão a ter um impacto negativo nas despesas correntes e para fazer face a este aumento.
“Nas Associações que têm depósitos de combustível, que muitas vezes sucede para não haver interrupções de fornecimento, estas acedem a um preço “a granel”, com um desconto que não engloba o aumento de preços que se verifica, antes mantém a distância para os preços das bombas”, adianta o presidente.
Dando mais uma vez o exemplo de Vale de Cambra, “estamos a falar de um aumento de cerca de 5.000 euros por mês, numa diferença acumulada, desde o último abastecimento, de cerca de 50 cêntimos por litro (de 1.64 euros para uma previsão de cerca de 2.15 euros, por litro)”, reforça.
A Federação reivindica a atualização do preço pago por km – atualmente tabelado em 0.51 euros – “para um valor que reflicta os custos incorridos, como o aumento dos combustíveis e o aumento do Salário Mínimo Nacional (SMN). Foi fixado em 2011 e só o SMN subiu de 485 para 705 euros, por exemplo”, lembra.
Miguel Aguiar Soares diz ainda que é importante que o Governo olhe para os Bombeiros de uma outra forma.
“Que tenha em conta a sua diferença e o seu papel, também social, junto das populações. A sua capilaridade de intervenção, em concelhos que não dispõem de uma adequada rede de transportes públicos, convertem-nos, por vezes, no único contacto das populações mais afastadas dos centros urbanos, vital para a sua saúde e na acessibilidade a cuidados que, sendo programados, são muitas das vezes vitais, como por exemplo, os tratamentos oncológicos ou hemodiálise”, reforça.
Em Portugal, o gasóleo sofreu na segunda-feira um agravamento superior a 14 cêntimos por litro, enquanto a gasolina ficou cerca de oito cêntimos mais cara.
O responsável acredita que a solução passa por acessibilidade a gasóleo mais barato, por exemplo o agrícola; a possibilidade de dedução de impostos suportados na sua aquisição; o aumento da comparticipação de combustível e a sua extensão a toda a atividade dos Bombeiros; e ainda, no que diz respeito às autarquias, e como ajuda imediata, a possibilidade destas disporem de depósitos próprios, de facultar combustível nos seus postos de abastecimento.
Miguel Aguiar Soares garante que o aumento obrigou uma empresa transportadora a parar a sua atividade, por força do valor contratado por km.
“Os Bombeiros já têm dado conta das suas dificuldades, já lidaram e lidam com uma pandemia, que nos obrigou a circular mais com menos lotação, com custos acrescidos”, afirma.
E avisa que se a ajuda não chegar, correm o risco de limitar as respostas que podem dar, como agentes de Protecção Civil.
O Governo decidiu esta sexta-feira transferir 1500 euros para cada corporação de bombeiros “a título de compensação transitória da comparticipação com encargos com combustíveis”, num total aproximado de cerca de 650 000 euros.
A compensação será transitória e alvo de acertos no terceiro trimestre, segundo o Ministério da Administração Interna.