“Está bem entregue o primeiro grande prémio”, afirmou Ilídio Pinho na cerimónia de entrega do Grande Prémio Fundação Ilídio Pinho, ao cardeal Tolentino Mendonça, realizada no Salão Nobre da Câmara do Porto, nesta segunda-feira. A distinção tem um valor pecuniário de 100 mil euros e uma medalha desenhada, propositadamente, para esta ocasião pelo arquiteto Álvaro Siza Vieira.
Cristina Maria Santos
“Este é o primeiro de muitos que, todos os anos, vão distinguir quem ousar fazer a diferença”, garantiu Ilídio Pinho durante a cerimónia que distinguiu D. José Tolentino Mendonça, com o Grande Prémio Fundação Ilídio Pinho.
Perante uma plateia de centenas de convidados do meio político, empresarial e académico, Ilídio Pinho, confirmou esta atribuição, dizendo que “está bem entregue o primeiro grande prémio”.
O empresário de Vale de cambra, sublinhou a importância deste prémio para a Fundação Ilídio Pinho que, há 22 anos, mantém viva a memória do seu filho, Ilídio Pedro, homenageando-o com um projeto de empreendedorismo de utilidade pública, ao serviço das causas patrióticas, nas áreas das ciências, tecnologia, artes e cultura. É também o caso deste Prémio, lembrou.
“Este é o maior prémio atribuído a um cidadão português por uma Fundação de utilidade pública”, referiu o empresário.
A Fundação está associada a uma obra que traz a público a história de vida do empresário que a sonhou e criou, em memória de Ilídio Pedro, o filho que o fundador precocemente perdeu.
“Ilídio Pedro está hoje muito feliz, com a escolha para primeiro elemento da Fundação. Senhor Cardeal, se o Ilídio Pedro estivesse connosco era em si que ele votava”, afirmou Ilídio Pinho.
Além de cardeal, Tolentino Mendonça é também poeta e ensaísta, chegou ainda a desempenhar funções de arquivista e bibliotecário do Vaticano, tornando-se agora o primeiro rosto do Prémio Fundação Ilídio Pinho.
O prémio é atribuído a personalidades que trabalhem “na promoção e defesa dos valores universais” do que a Fundação Ilídio Pinho diz ser a “portugalidade”.
Com o valor pecuniário de 100 mil euros, este é o maior prémio pecuniário atribuído em Portugal e exclusivamente português. O cardeal recebeu ainda uma medalha desenhada, propositadamente, para esta ocasião pelo arquiteto Álvaro Siza Vieira.
“Homenagear José Tolentino de Mendonça é homenagear Portugal”
D. José Tolentino Mendonça recebeu das mãos do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o Grande Prémio Fundação Ilídio Pinho.
Para Marcelo Rebelo de Sousa “escolher um dos nossos melhores dos melhores não é missão despida de espinhos”, Ele há um António Guterres, excecional símbolo da nossa projeção política no mundo; ele há um Álvaro Siza Vieira, excecional símbolo da nossa projeção cultural no mundo; ele há um José Tolentino de Mendonça, excecional símbolo da nossa projeção espiritual no mundo. Todos eles expoentes da portugalidade”, referiu.
“Aqui estamos para agradecer a José Tolentino de Mendonça o ser um dos melhores de todos nós. Este ano eleito um exemplo de portugalidade”, declarou o Presidente da República.
O chefe de Estado, lembrou ainda que atribuir o prémio, pela primeira vez, a José Tolentino de Mendonça “é começar por onde faz sentido: olhar alto e longe. A ideia é um exemplo de Portugal e para Portugal. Homenagear José Tolentino de Mendonça é homenagear Portugal”.
“Uma personalidade inspirada e inspiradora”
Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto considerou o cardeal, “uma personalidade inspirada e inspiradora, que tem iluminado muitos de nós com a sua inteligência e o seu saber, com a sua escrita e o seu pensamento, com a sua tolerância e o seu humanismo”.
O autarca do Porto, que também fez parte do júri do prémio, destacou o facto de o Grande Prémio Fundação Ilídio Pinho ser o maior prémio pecuniário atribuído em Portugal por uma instituição exclusivamente nacional.
“O seu fundador, Ilídio Pinho, não se fechou numa torre de marfim, indiferente às carências e necessidades da sociedade portuguesa. Pelo contrário, empenhou-se em servir o bem comum, em ajudar a comunidade, em promover a educação, a ciência e a cultura, em empoderar os setores mais frágeis da nossa população”, frisou.
Para Rui Moreira, Portugal precisa de mais instituições como a Fundação Ilídio Pinho.
“Precisamos de mostrar que existem portugueses verdadeiramente excecionais. Precisamos de contar aos nossos filhos e netos histórias reais de abnegação, altruísmo, solidariedade. Precisamos que eles saibam que há quem pense primeiro nos outros e só depois em si mesmos”, explicou.
A missão e atividade da Fundação Ilídio Pinho foram destacadas por Rui Moreira, como sendo “de grande conveniência numa sociedade frágil como a portuguesa. Uma sociedade em que o elevador social funciona mal, o ensino, a ciência e a cultura estão subfinanciados, o défice de competências especializadas é gritante e o Estado falha na proteção aos mais desfavorecidos”, lembrou ainda o presidente da Câmara do Porto.
“Quanto temos de aprender da palavra gratidão”
“Quanto temos de aprender da palavra gratidão. Parece um argumento minúsculo e, para mais, hoje praticamente destituído de cidadania cultural e civil”, sublinhou o cardeal português, D. José Tolentino Mendonça, para agradecer a distinção.
Tolentino Mendonça disse que é preciso firmar um pacto intergeracional, mas celebrado “em torno à gratidão e não do ressentimento”.
O homenageado, lembrou que o nosso país “deve salvaguardar a sua identidade”, porque, “só reforçando-se como projeto nacional, Portugal pode descobrir e concretizar a sua vocação ao universal, e Portugal “precisa hoje de dar mais valor político à esperança”, reforçou, relativamente à portugalidade.
O prefeito do novo Dicastério para a Cultura e a Educação da Santa Sé, terminou agradecendo por lhe permitirem dizer, “humildemente, obrigado”.
Tolentino Mendonça
Tolentino Mendonça, nascido em Machico, na Ilha da Madeira, tem 56 anos e é o primeiro rosto do Prémio Fundação Ilídio Pinho, após decisão tomada pelo júri composto pelo presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, pelo presidente da Câmara Municipal de Vale de Cambra, José Pinheiro, e pelos reitores da Universidade do Porto, António Pereira, da Universidade de Aveiro, Paulo Ferreira, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Emídio Gomes, e da Universidade Católica, Isabel Gil. A direção-executiva do prémio está a cargo de Carlos Magno.
Presente nesta cerimónia esteve também a comissária europeia responsável pela pasta Coesão e Reformas, Elisa Ferreira, o bispo do Porto, o mais recente galardoado com o prémio Pessoa, entre algumas forças vivas do concelho de Vale de Cambra, como os presidentes da Câmara e Assembleia Municipal de Vale de Cambra, José Pinheiro e Miguel Paiva, respetivamente, o presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros de Vale de Cambra, Miguel Aguiar Soares, o empresário António Moreira, familiares e amigos do empresário Ilídio Pinho e demais convidados.
O cardeal português José Tolentino Mendonça foi nomeado pelo Papa Francisco prefeito do novo Dicastério para a Cultura e a Educação, a 26 de setembro. O Dicastério para a Cultura e Educação reúne as responsabilidades que até agora estavam atribuídas à Congregação da Educação Católica e ao Conselho Pontifício para a Cultura, ficando com a tutela, nomeadamente, da rede escolar católica do mundo inteiro, com 1.360 universidades católicas e 487 universidades e faculdades eclesiásticas com 11 milhões de alunos e outras 217 mil escolas com 62 milhões de crianças. O cardeal coordenará ainda o diálogo da Igreja universal com o mundo da cultura.