O regresso às aulas neste ano letivo está a ser feito de forma muito particular e excecional, um pouco por todo o mundo.
À semelhança do que aconteceu noutros países, as escolas em Portugal preparam- se para vários cenários que poderão ser colocados em prática ao longo dos próximos meses – de acordo com as medidas de higiene e segurança emanadas pelas direções de saúde. Em França, por exemplo, pouco tempo depois da abertura das escolas, os casos de COVID-19 não tardaram a surgir e, consequentemente, levaram ao encerramento de alguns estabelecimentos de ensino. E é com base na experiência noutros países, que Portugal deve ter uma atenção redobrada nos cuidados a ter nas nossas escolas.
Por isso, num tempo de absoluta incerteza sem fim à vista, e até mesmo pelas afirmações do nosso atual primeiro-ministro, António Costa, «o país não pode parar pois, se tivermos de voltar a um confinamento, a nossa Economia não está suficientemente preparada».
As Escolas, que também não podem parar, concentram um elevado número de crianças e jovens, professores e auxiliares de educação, que se alargam às respetivas famílias, e todo o cuidado deve ser tido em conta para que o nível de contágio seja o menor possível.
Por todo o país, surgem muitas dúvidas e crescem as dificuldades em torno das escolas, nomeadamente, na gestão, planificação e métodos de ensino a adotar ao longo do próximo ano letivo. Se já era desgastante preparar um ano letivo em condições normais, tendo por base aquilo que era o habitual e o costume de ano para ano, agora, com condições atípicas, ficou claro que as medidas têm de ser adotadas caso a caso e em acordo direto com as necessidades das escolas e da região, numa pura descentralização do poder central.
Vários estudos realizados por várias Universidades, após o encerramento das escolas – que obrigaram os alunos a ficarem confinados em casa e a terem aulas
através de videoconferência, telescola, usando recursos digitais e outras ferramentas de apoio ao ensino -, constataram que as dificuldades dos alunos na aquisição das aprendizagens aumentaram significativamente, desde o ensino primário ao ensino secundário. A qualidade de ensino não presencial é muito mais baixa, não há um efetivo acompanhamento no desenvolvimento das competências dos alunos e as matérias não estão alinhadas com as necessidades e os meios utilizados pelos alunos.
Porém, há exceções. No norte da Europa, em países como a Suécia, Finlândia ou Noruega, o uso de ferramentas digitais é uma realidade há mais de uma década. As matérias e a forma de lecionar foram adaptadas a um sistema de educação que já correspondia às medidas adotadas naqueles países, cujo impacto desta realidade acabou por ser reduzido. Uma simbiose entre conhecimento e o uso do digital, em favorecimento dos seus alunos.
Esta é a altura de se poder colocar em prática uma escola em Portugal que se adequa à exigência dos novos tempos, à sua realidade imposta, beneficiando os seus alunos de matérias que permitam oferecer um ensino de qualidade. Um ensino que tem aplicação hoje, e que não perde a sua garantia no futuro.
Há que recomeçar!
Um bom (e cheio de saúde) ano letivo 2020/2021 para todos(as)!
— André Machado