A Associação Empresarial de Cambra Arouca (AECA) reagiu negativamente às decisões do Governo para combater a evolução do novo coronavírus no país e prevê que, a manterem-se as restrições, “muitas empresas do comércio e serviços vão encerrar ou reduzir o seu quadro de pessoal” nos municípios que representa – Vale de Cambra e Arouca.
Em declarações ao Voz de Cambra, a Associação, que defende os direitos das empresas de Vale de Cambra diz que esta decisão irá ter “graves consequências” no comércio e restauração e na economia do concelho, bem como na economia do país.
“Milhares de trabalhadores vão para o desemprego”, alerta o presidente, Carlos Brandão.
Em causa está a proibição de circulação, nos concelhos determinados com risco elevado, em espaços e vias públicas aos sábados e domingos entre as 13h00 e as 05h00.
“Apesar dos restaurantes não terem de fechar portas, esta fase não deixa de ser um encerramento de porta aberta visto os restaurantes continuarem abertos, mas completamente vazios”, refere o responsável.
A AECA auscultou os empresários da restauração que apelam ao alargamento da hora de almoço dos sábados e domingos até às 15h00, porque garantiram que “trabalhar até às 13h00 não é rentável”.
“O sábado costuma ser o melhor dia da semana em termos de faturação e movimento”, explica o presidente.
Os empresários apelam também à permanência do serviço de Take Away e alertam ainda para a necessidade de maior fiscalização.
“Infelizmente, ainda há estabelecimentos que não cumprem as recomendações de segurança da DGS”, frisa.
A AECA pede mais medidas de apoio, extensivas às micro, pequenas e médias empresas dos setores afetados.
“As medidas de apoio, recentemente anunciadas pelo Governo, pouco impacto terão se não forem ampliadas para compensar as perdas sucessivas de vendas. Estas medidas de apoio devem ser de concretização imediata, de acesso simples e serem extensivas ao conjunto das micro, pequenas e médias empresas dos setores afetados”, revela.
Carlos Brandão considera “insuficientes” as medidas de apoio às empresas anunciadas recentemente pelo Governo.
“Permitem injetar alguma liquidez nas empresas a curto prazo e não resolvem o problema a médio e longo prazos, porque as empresas endividam-se para se financiar e terão de pagar as dívidas mais tarde”, avisa.
A Associação revela que os dados económicos indicam quebras enormes na faturação e que, depois de seis meses perdidos, o setor da restauração tinha esperança no último trimestre de 2020.
“As medidas agora conhecidas, vieram acrescentar ainda mais dificuldades, imprevisibilidade e incertezas ao negócio”, conclui.
Carlos Brandão garante que toda a cadeia da economia está “inflamada”, porque as empresas dependem dos clientes para poderem vender, faturar e pagar a fornecedores e despesas fixas.
“Devido a perdas abruptas parciais ou totais de faturação, as empresas estão com dificuldades em pagar a fornecedores e outras despesas fixas, nomeadamente os salários dos trabalhadores”, explica o presidente.
O responsável fala de uma “quebra abrupta” da faturação, passando “quase ou mesmo para zero de um momento para o outro”.
“As empresas obrigadas a fechar, como neste caso concreto, comércio, restauração, deixaram de faturar e, as que continuaram a funcionar viram a atividade, os clientes e as vendas diminuírem drasticamente e as empresas com dificuldades em pagar salários, muitas, aderiam ao “lay-off”, conclui.