Tem 30 anos, é bailarina profissional, professora de dança e Personal Trainer. Joana Almeida tinha sido escolhida para participar num musical de Filipe La Féria, quando soube que tinha leucemia Mieloide. A Associação de Dadores de Sangue das Terras de Antuã organiza recolha de medula óssea, em S. Pedro de Castelões, no dia 4 de agosto e apela à participação da população.
Cristina Maria Santos
Foi numa ida ao hospital com uma dor de garganta que lhe foi diagnosticada a doença.
“Foi como que o mundo desabasse sobre nós”, referiu a mãe, Graça Casimiro, em declarações ao Voz de Cambra.
Em 2018, aos 24 anos, Joana já tinha terminado o mestrado e estava preparada para iniciar a sua carreira profissional no mundo da dança. Pouco antes do diagnóstico, foi escolhida para participar no musical “Severa”, da autoria do encenador português, Filipe La Féria, e ia começar os ensaios daí a três semanas. Um sonho que se ia tornar realidade, garante a jovem.
Depois de detetado o problema, Joana foi enviada para a urgência do Hospital de Santo António, no Porto, onde já se encontrava uma equipa médica que iniciou, de imediato, os tratamentos.
“Tratava-se de uma leucemia aguda e todo o tempo era curto”, lembrou a mãe.
Durante meses, os dias foram decorrendo entre internamentos, tratamentos e vindas a casa.
No ano seguinte, Joana sentiu-se confortável para fazer o que mais gosta e foi participar num musical, no Casino da Figueira.
“Parecia milagre depois de tudo o que tinha passado, mas a vontade e o querer dançar era muita”, referiu.
Aos poucos foi refazendo a sua vida mas, no final do ano de 2021, teve uma recaída e recomeça tudo de novo.
Seguiram-se os tratamentos de quimioterapia e vários procedimentos, até que a equipa médica chegou a uma conclusão.
Para atingir a remissão da doença, a jovem deveria ser sujeita a um autotransplante (de ela para ela). Foi transferida para o Hospital de São João, no Porto, uma vez que o Hospital de Santo António não os efetuava.
Voltou a quimioterapia e, em outubro de 2022, Joana foi sujeita ao transplante autólogo (dela própria), incluindo tratamentos de quimioterapia para que a doença não voltasse.
Mas, passados seis meses, houve uma nova recaída. Passou a fazer, todos os dias do mês, tratamentos de quimioterapia, alternando mês sim, mês não, até à data. Até que, na última consulta, o seu médico assistente informa que Joana terá de recorrer a um transplante de dador, uma vez que andar sempre a fazer os tratamentos de quimioterapia não era a solução.
Começou a procura por um dador de medula. A família recorreu ao Instituto Português do Sangue (ISP) que a informou da existência de brigadas móveis pelo país, passando a consultar diariamente a sua agenda no site www.dador.pt.
A ajuda começa também a ser procurada nas redes sociais, no Facebook e Instagram, onde cria uma corrente a favor de salvar vidas e apela à partilha e à sua divulgação. Para além disso, a divulgação passa também pelos postos de recolha de sangue e medula óssea, onde a família apela à participação das pessoas.
“Hoje será para a Joana ou outras pessoas e amanhã poderá ser para um dos nossos. Esta ajuda da população devolve-nos a esperança às nossas vidas”, explica a mãe, Graça Casimiro, natural de Ossela, Oliveira de Azeméis e o pai Fernando Almeida, natural de Vale de Cambra.
Com a força de viver, Joana continua a fazer os tratamentos e a prosseguir o seu sonho.
“Em junho deste ano, tinha diariamente tratamentos e, no fim de semana, conseguia ir dançar na Revista à Moda do Porto do senhor La Feria, no Teatro Sá da Bandeira, no Porto. É uma jovem com uma sede de viver incrível”, sublinha a mãe.
O apelo é feito aos jovens até aos 45 anos, com os requisitos exigidos pelo Centro de Sangue e Transplantação.
“Sensibilizamos as pessoas para a adesão de dádiva de sangue e ou medula para bem da humanidade. Só quem sente e vive estas situações pelos hospitais vê o quanto é necessária a dádiva de sangue e medula”, assegurou Graça.
“É fundamental para mim arranjar um dador porque é o que me pode garantir uma vida estável. Quem me conhece sabe que ainda tenho muitos palcos para pisar e, por isso, peço-vos que partilhem e se inscrevam como dadores de medula para ajudar a salvar a minha vida ou a vida de alguém. Não custa nada e pode fazer muita diferença”, apela a jovem.
Depois da recolha de sangue e medula óssea realizada pelo Lions Clube de Vale de Cambra, no dia 14 de julho, na ACR, também a Associação de Dadores de Sangue das Terras de Antuã se associa à causa e vai realizar uma recolha de sangue e medula óssea, no dia 4 de agosto, que terá lugar na APDC, em S. Pedro de Castelões, das 8h30 às 12h30. E apela à participação de todos, para salvar vidas.