Os moradores da freguesia de Codal, inserida na União de Freguesias de Vila Chã, Codal e Vila Cova de Perrinho, recolheram as assinaturas da população, que se opõe à criação de novas zonas industriais, previstas na 2.ª revisão do PDM de Vale de Cambra, numa freguesia onde já estão concentradas grande parte das empresas do concelho e, com a instalação de outras, “limitaria a construção de mais habitação”, referiram.
Cristina Maria Santos
A população recusa, principalmente, a criação de novas zonas industriais na freguesia, uma delas, junto ao Jardim de Infância de Codal, no Barreiro, outra, junto ao ribeiro que desagua no Rio Trancoso, em Teamonde e ainda a ampliação da já existente, de Lordelo/Codal.
Os residentes querem que as zonas entre Vale Pereiras e Codal sejam novamente consideradas solos rústicos, classificação que perdeu no documento da segunda revisão do PDM. Aqueles terrenos passaram a ser “solos urbanos”, o que permite avançar com a execução de zonas industriais, através da implementação de unidades operativas de planeamento e gestão (UOPG)´s.
Os argumentos de quem sempre viveu na freguesia e não quer ver industrias junto a escolas, nem os ribeiros poluídos, compõem a reclamação, através de um abaixo-assinado, que foi “assinado por grande parte dos cidadãos”, que pretendem “ir mais além” pela causa.
A oposição da população ao projeto foi expressa na Assembleia Municipal Extraordinária realizada na última quarta-feira. Dizem “não” à implementação de novas unidades industriais previstas no PDM, que se encontrava em período de discussão pública até 18 de julho e que, por proposta da Assembleia Municipal devido às várias criticas ao PDM, aguarda decisão da Câmara Municipal para alargamento do prazo, para ser discutido por mais 30 dias.
Em declarações ao Voz de Cambra, o porta-voz da população, António Soares sublinhou que “Codal está a ser uma freguesia martirizada pela implantação da indústria” e, sustentado no exposto no abaixo-assinado, enumera “os grandes e graves transtornos que iria causar à populações territorialmente próximas à implementação destas zonas”.
“A poluição sonora e a poluição do ambiente em geral; a fauna e a flora condenada ao definhamento e à morte; a poluição das linhas de água e lençóis freáticos; a irreversibilidade a longo prazo dos danos causados; as doenças físicas e mentais que logo apareceriam; a poluição visual para a população, visitantes e turistas que utilizem a EN227; e também, o perigo de ocorrência de explosões, incêndios e outras catástrofes”, frisou. O porta-voz salientou ainda que, a vir a concretizar-se a proposta do PDM, a freguesia “ficaria completamente cercada”.
A população evidencia também as vantagens que a freguesia tem, caso o projeto não venha a ser uma realidade. Pretendem que Codal continue a proporcionar aos mais velhos, “uma melhor qualidade de vida, que inclua, por exemplo, fazer pequenas hortas, plantações de árvores para fruta e sombra, jardins, entre outros”.
A União de Freguesias de Vila Chã, Codal e Vila Cova de Perrinho corrobora com esta posição e o seu presidente, Manuel Campos já fez saber que esta medida limita o crescimento da freguesia, com potencialidade de crescimento habitacional.
“Codal é uma das freguesias mais industrializadas do concelho de Vale de Cambra e queremos manter as empresas e dar-lhes condições para ampliarem o seu negócio. A freguesia precisa é de crescer a nível habitacional e não em indústria. Codal tem condições intrínsecas para proporcionar a quem cá vive, uma melhor qualidade de vida e bem estar das pessoas”, frisou o presidente em declarações ao Voz de Cambra.
Quando iniciou o processo da 2ª Revisão do PDM, a Câmara Municipal de Vale de Cambra definiu os objetivos que iriam nortear este documento, na reunião pública de 30 de julho de 2019. Entre eles, reforçar e qualificar a oferta de espaços para a instalação de atividades económicas, prevendo mecanismos de incentivo com especial incidência na localização e relocalização industrial.
O documento apresentado refere que há um aumento de área do concelho em 85,6 ha e um aumento da área industrial em 26,4%. O Plano, agora dado a conhecer, institui 14 unidades operativas de planeamento e gestão (UOPG), entre elas, encontram-se a criação de área de atividades económicas no Barreiro e de Teamonde, e também a ampliação da zona industrial de Lordelo/Codal.
Segundo o estudo urbanístico do território, o objetivo passa por reforçar a capacidade de acolhimento empresarial do concelho, concentrando aqui atividades económicas geradoras de emprego e, no caso da já existente zona industrial de Lordelo/Codal, ampliar a área de atividades económicas, que abrange o território delimitado pela Avenida da Zona Industrial.
Com estas medidas, a Câmara pretende promover a instalação e/ou relocalização de novas atividades económicas, suas funções complementares e respetivas infraestruturas, adequadas às necessidades previstas; salvaguardar as linhas de água e as linhas de drenagem natural; manter a morfologia do terreno, para minorar os volumes de aterro e escavação e promover uma correta integração paisagística das edificações. Para além disso, o documento refere que o novo arruamento proposto (Via Norte) definido no PDM, pretende melhorar a fluidez do tráfego industrial da zona industrial de Algeriz e de Vale Pereiras, bem como proporcionar um escoamento do trânsito do centro urbano.
Para além destas, duas zonas industriais, está prevista ainda a criação de mais 12 Unidades Operativas de Planeamento e Gestão (UOPG): Arranjo Paisagístico do Parque Urbano de Macieira de Cambra (ORU-C-7); Criação do parque urbano de São Pedro de Castelões; Criação de área de atividades económicas – Decide; Ampliação da Área de Atividades Económicas do Rossio – Expansão Nascente; Ampliação da Área de Atividades Económicas do Rossio – Expansão Sul; Ampliação da Área de Atividades Económicas de Algeriz; Criação de área de atividades económicas – Batalha; Criação de área de atividades económicas – Casal de Arão; Criação de área de atividades económicas – Arões; Criação de área de atividades económicas – Celão; e Criação de área de atividades económicas e de apoio à pequena indústria no Cimo de Aldeia.