Foi o primeiro presidente da Câmara de Vale de Cambra a ser eleito por sufrágio pós 25 de Abril. Bernardo Pinho lembrou esta sexta-feira em Macieira de Cambra, a implicação que a Revolução dos Cravos trouxe para a administração local e o impacto desta na vida autárquica.
Cristina Maria Santos
Bernardo Coelho Pinho lembra-se bem de quando ocupou funções de presidente da Câmara de Vale de Cambra. Era o primeiro a ser eleito pelo povo depois da Revolução dos Cravos em 1974.
Com formação em engenharia, a experiência no ensino enquanto professor e a liderança enquanto capitão durante quatro anos na guerra em Angola, não lhe davam a formação política necessária para a gestão autárquica que ia assumir, achava nessa altura o ex-autarca.
Foi com um intensa formação do partido (CDS/PP) e a aprendizagem continua que conseguiu levar a bom porto o mandato na Autarquia.
Mas o 25 de Abril não resolveu de imediato os problemas que o município enfrentava já na altura, liderado pela comissão administrativa instalada.
“A falta de autonomia administrativa e financeira continuou, apesar de ter melhorado”, explicou.
As dificuldades eram ainda muitas: um quadro de pessoal escasso (menos de duas dezenas de funcionários), a falta de materiais e de autonomia financeira, a escassa receita e excesso de despesas, a pressão da população que exigia obras, entre muitas outras, foram enfrentadas por Bernardo Pinho e a sua equipa.
Foi a partir de 75 que o dinheiro começou a chegar aos cofres da Autarquia e até veio mais que para outros municípios, porque se tratava de um concelho rural de primeira ordem, frisou.
As primeiras obras de maior envergadura começaram a aparecer no concelho, com a construção de estação de tratamento de águas, com a reparação de escolas degradadas, a execução do projeto para a construção do Centro de Saúde, a primeira feira de laticínios no país – LACTEA79, entre várias outras.
Mas a maior conquista de todas foi a participação ativa da população na administração pública, sublinhou.
Bernardo Pinho sente que trabalhou “para o bem comum” e acha “não ter denegrido o espirito da Revolução dos Cravos”, apesar de considerar que “o espírito do 25 de Abril nunca vai ser atingido plenamente na administração local”.
Para além de Bernardo Coelho Pinho, a cerimónia também contou com o discurso de Reinaldo Pinheiro, que falou sobre o processo de descolonização e sua a experiência enquanto militar e civil em Angola.