Pedro Martins, diretor do Agrupamento de Escolas de Búzio, em Vale de Cambra, entende que a decisão sobre o uso do telemóvel nas escolas deveria passar por uma diretiva do Ministério da Educação, no entanto, pretende reunir com a comunidade escolar para tomar decisões e seguir as orientações.
Cristina Maria Santos
Cerca de 2600 alunos regressam às aulas nas escolas de Vale de Cambra, esta segunda-feira. O novo ano letivo vai arrancar com “grandes novidades”, sublinhou o diretor do Agrupamento de Escolas de Búzio, Pedro Martins. Em declarações ao Voz de Cambra, o responsável referiu-se à “mobilidade de docentes”, com a entrada de mais de 20% de novos professores e também à recomendação do Governo sobre a utilização dos telemóveis nas escolas.
Em declarações ao Voz de Cambra, sobre o ponto de situação no arranque de mais um ano letivo, Pedro Martins, diretor do único Agrupamento de Escolas do concelho, fala sobre a decisão e o que pretende fazer nas escolas do concelho.
O ministro da Educação, Ciência e Inovação anunciou que o Governo recomenda às escolas a proibição do uso de telemóvel nos 1.º e 2.º ciclos e restrições no 3.º ciclo.
Para Pedro Martins, a decisão sobre o uso do telemóvel nos estabelecimentos de ensino deveria passar por uma diretiva do Ministério da Educação, mas lembrou que este é um debate que pretende ter com toda a comunidade escolar.
“Vamos reunir-nos com o conselho geral, associações de pais, para que todos os envolvidos possamos, pelo menos, dar uma roupagem a essas orientações. Se não cumprimos tudo, pelo menos cumprimos parte”, salientou.
O debate em torno do tema não é novo e continua a dividir especialistas, encarregados de educação, docentes e a comunidade escolar em geral.
“A questão do telemóvel é uma questão muito sensível, porque há encarregados de educação que consideram que o telemóvel é pessoal, não se deve tocar, é deles, têm de o utilizar, e há outros que acham que não”, referiu.
“Para os 1.º e 2.º ciclos (crianças até aos 12 anos), a recomendação é de proibição de uso e entrada de telemóveis na escola – na sala de aula e no recreio”, anunciou o ministro da Educação, Ciência e Inovação durante uma conferência de imprensa, depois da reunião do Conselho de Ministros.
Fernando Alexandre acrescenta que, para as crianças entre os 12 e os 15 anos, faixa que corresponde ao 3.º ciclo, “não há recomendação de proibição”, há sim, “uma recomendação de medidas que restrinjam ou desincentivem a utilização de smartphones nos espaços escolares”, salientou.
Para os alunos com mais de 15 anos (ensino secundário) “é importante que haja uma estratégia dentro das escolas para que os smartphones sejam usados de uma forma responsável e que beneficie o ambiente escolar e o desenvolvimento dos nossos jovens”, referiu o ministro.
A recomendação de proibição é apenas para smartphones, isto é, telefones inteligentes.
Por enquanto, as medidas vão ser de adesão voluntária por parte das instituições de ensino, mas o ministro esclareceu que o Executivo não coloca de parte a proibição total do uso de smartphones em contexto escolar.
Em Portugal, as escolas têm autonomia para definir regras sobre o uso de telemóveis e smartphones. Recorde-se que no ano letivo de 2023/2024, o Conselho das Escolas já tinha recomendado que as escolas preservassem a autonomia na regulação desta matéria. Cerca de 2% dos agrupamentos de escolas tinham restringido ou proibido os smartphones até ao ano passado, segundo o Ministério.