O relatório revela que a área onde foi identificado maior risco, foi no “tempo de lazer”. O projeto-piloto “Sentir” realizou um diagnóstico de saúde mental assente no uso da tecnologia, sensorização e modelos de inteligência artificial a mais de 600 alunos do concelho de Vale de Cambra, entre 2023 e 2025. O diagnóstico foi apresentado esta sexta-feira, na Biblioteca de Vale de Cambra.
Cristina Maria Santos
Uma grande maioria das crianças e jovens entrevistados disseram que não tinham tempo livre suficiente. Agenda cheia de atividades programadas, somadas às obrigações na escola podem trazer problemas psicológicos e emocionais nos jovens, alerta a equipa multidisciplinar de psicologia, engenharia e a investigação, que estudou mais de seis centenas de alunos do concelho.
Para a coordenadora de investigação do projeto, Tânia Gaspar, as crianças deveriam dedicar o tempo livre aos jogos, principalmente ao ar livre ou simplesmente “a não fazer nada, sem regras”, disse a psicóloga na apresentação do diagnóstico, que decorreu na Biblioteca Municipal de Vale de Cambra, no dia 26 de setembro.
Segundo a psicóloga, a falta de tempo traduz-se no aumento da irritabilidade por cansaço, falta de iniciativa e dificuldade para a organização do tempo de forma autónoma.
Trata-se de um projeto-piloto no país, que se realizou em Vale de Cambra e que tem como aliada a aplicação CASMisense. A app contém conteúdos de literacia em saúde mental e bem-estar (hábitos de estudo, sono tranquilo, dicas de concentração, meditações e exercícios de respiração, agenda, mood tracker, entre outras), disponível para os alunos usarem de forma gratuita.
Para além das entrevistas presenciais realizadas aos alunos dos 8 aos 18 anos ao longo dos anos letivos, entre 2023 e 2025 – esta aplicação foi parceira diária dos alunos, permitindo o registo diário dos hábitos e momentos de reflexão. Para além da rubrica “tempos de lazer”, os alunos puderam refletir sobre as questões familiares, escolares, de amizade, entre muitas outras.
O projeto Sentir é coordenado pela Câmara Municipal de Vale de Cambra, no âmbito do Plano de Ação das Comunidades Desfavorecidas e financiado pelo PRR.
A recolha destes dados vai ser disponibilizada à Câmara de Vale de Cambra ao Agrupamento de Escolas, às unidades de saúde e às instituições sociais, para possam fazer ajustes na vida destes jovens.
Leia a notícia na integra, na edição impressa n.º 1111 do jornal Voz de Cambra!

