O comércio de proximidade resistiu à crise, reinventou-se e está de novo a erguer-se em Vale de Cambra. Os clientes regressam agora, aproveitando o desconfinamento e voltam ao pequeno comércio. Mas há também aqueles que irão continuar a seguir os hábitos criados durante o confinamento e encomendar online, e isso obrigou o comércio a reinventar-se, de tal forma que há quem assuma mesmo que o seu negócio não é o mesmo antes e depois da pandemia.
Quem chega à rotunda das “quatro luzes” na cidade de Vale de Cambra, na Avenida Camilo Tavares de Matos, a poucos metros do centro, encontra a Mercearia Santiago, que é, simultaneamente, loja de restauração e comércio, onde se podem degustar produtos portugueses e mediterrânicos, predominando os produtos locais e regionais.
Começou por ser uma nova aposta no comércio de proximidade, em 2016, quando abriu portas, mas agora tem uma nova abordagem, no design da loja e na relação com os clientes.
A proximidade à estrada e o design da loja atraem a clientela, seduzida pela montra que nos remete para os produtos tradicionais,“embrulhados” num toque de modernidade.
É uma das lojas de comércio tradicional de Vale de Cambra que beneficia da proximidade e do reconhecimento dos clientes, mas, desde a pandemia e o consequente confinamento, está, mais do que nunca, virada para entregas ao domicílio e atendimento online.
“Reinventámos o nosso negócio e tentámos chegar da mesma forma aos nossos clientes. Lançámos o nosso site: www.merceariasantiago.pt, aumentámos as entregas ao domicílio e o atendimento online também melhorou”, refere o casal de proprietários Filipa e Afonso Montenegro.
A merceeira diz que, atualmente, consegue chegar mais longe, para além da cidade de Vale de Cambra.
“Sem dúvida que existe uma Mercearia antes e depois de toda esta situação. Quero acreditar que para melhor”, refere Filipa.
Mesmo antes da pandemia, a também nutricionista, impunha na sua loja uma filosofia baseada numa alimentação saudável e hábitos de vida sustentáveis. Mesmo em confinamento, a Mercearia continuou a promover e a levar a casa dos seus clientes e através de takeway, pequenos-almoços “cheios de energia, snacks deliciosos, pratos ricos em nutrientes e sobremesas de fazer crescer água na boca”, frisa.
Um serviço personalizado que trouxe frutos e deixou portas abertas para o futuro. Comprar na mercearia foi algo que os valecambrenses se habituaram, ainda mais, durante o confinamento, situação que a obrigou a se reinventar para dar resposta à procura por novos consumidores.
“A nossa Mercearia tem duas vertentes, a de restauração e de comércio, pelo que uma área acabou por apoiar a outra”, admite.
Hoje, a Mercearia Santiago continua numa das principais avenidas da cidade, de portas abertas, readaptou a esplanada para que possa cumprir as regras impostas pelo novo Estado de Emergência, que obriga a que os cafés e restaurantes com esplanadas só possam receber grupos que não ultrapassem as quatro pessoas.
Uma medida que o casal Montenegro encara como “algo positivo” e como “uma luz ao fundo do túnel”.
“Neste momento, encaramos esta medida como positiva, pois até aqui estávamos muito limitados. As medidas de segurança que tivemos, temos e iremos ter são as mesmas. No nosso caso, o espaço é limitado pelo que, lamentavelmente, não temos opção de o alargar. Ainda assim, ajustamos o espaço que temos disponível e tentamos potencia-lo ao máximo, cumprindo todas as normas”, concluem os proprietários.
O contexto atual de crise está a levar a uma inevitável mudança nos hábitos e tendências de consumo, tendências essas que já estavam a ter uma dinâmica crescente, mas que a crise veio acelerar e consolidar, como as entregas ao domicilio, o serviço takeway e as compra online.
A Mercearia Santiago quer continuar a querer privilegiar o conceito de mercearia da rua e de proximidade com a população, mas admite que outros tipo de serviços estão a crescer e vão ser uma tendência, criada pelo hábito em tempo de confinamento.