O presidente da Câmara de Vale de Cambra adiantou hoje, na sua página das redes sociais, o número de casos positivos no concelho (105), cálculos que fez juntando aos 100 já conhecidos na quinta-feira, os cinco confirmados hoje, resultado da testagem a cerca de 65 pessoas, nos últimos dias.
Recorde-se que, desde ontem que, a divulgação de dados, que até aqui era feita pelo delegado de saúde local ao representante da proteção civil do concelho, deixou de ser autorizada pela Direção Geral de Saúde (DGS), medida que o presidente da Câmara de Vale de Cambra e Bombeiros Voluntários locais já vieram lamentar.
Em declarações ao Voz de Cambra, José Pinheiro lamentava ontem esta decisão que considera “reprovável” e que se traduz “num claro prejuízo para os concelhos que tinham uma informação correta em cada um dos dias e assim a comunicavam aos seus munícipes” e já hoje mostrou, através da comunicação social nacional, o seu descontentamento contra uma medida que garante “sonega informação e proíbe os cidadãos de obter informação concreta sobre o seu concelho”, referia o autarca.
Mesmo assim, José Pinheiro fez hoje uma comunicação, na sua página das redes sociais, onde divulgou os números que conseguiu contabilizar, mediante os resultados obtidos nos testes realizados recentemente às Instituições de Solidariedade Social (IPSS´S) do Concelho.
“Mesmo sem informação, posso adiantar que dos testes pagos pela Câmara Municipal, cinco foram confirmados e cerca de 60 negativos. Assim, neste momento, posso avançar com 105 positivos”, revelou o autarca.
O edil de Vale de Cambra lembra que, na quinta- feira, o concelho apresentava 100 casos confirmados, 47 suspeitos e 89 em vigilância ativa e, hoje, os dados divulgados pela DGS indicam que Vale de Cambra tem 52 casos confirmados.
Confrontado hoje com o descontentamento de vários autarcas de vários concelhos do país, o Ministério da Saúde veio negar a proibição de partilha de informação. E referiu que, os boletins parcelares podem ser causadores de análises fragmentadas e que, pela dimensão de alguns dados, podem estes violar o segredo estatístico. Referiu ainda que a informação apresentada corresponde a apenas 78% dos casos confirmados.
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Vale de Cambra descontente com falta de informação
O presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros de Vale de cambra, Miguel Aguiar Soares também já veio mostrar o seu descontentamento com a falta de divulgação de dados sobre a evolução epidemiológica local da doença no concelho.
“Agora, que necessitamos cada vez mais de informação fiável e atempada, em que se reclama a suspensão do Regulamento Geral de Proteção de Dados Pessoais na medida em que os agentes de Proteção Civil devem ser informados de quem, em concreto, está infetado, a informação é sonegada”, referiu.
O comandante dos Bombeiros de Vale de Cambra, Vitor Machado também lamentou este facto.
“Lamentável, provavelmente a palavra indicada para o momento, um Município que tudo tem feito para responder à pandemia, gasta os seus recursos para responder e substituir quem deveria responder, tem tomado todas as decisões apropriadas a cada situação, agora deixa de poder ser informado da real situação do seu território”.
Os vereadores da oposição da Câmara Municipal de Vale de Cambra, Pedro Almeida e Nelson Martins vieram também mostrar o seu descontentamento perante esta medida.
“A informação tem para nós em Vale de Cambra, como noutros municípios, uma importância absolutamente crítica, não só porque nos permite saber a evolução da pandemia na nossa terra, mas sobretudo porque permite olhar para o terreno e tomar medidas. Medidas que competem não apenas às autoridades locais de saúde, como ao poder local que é quem nos representa”.