A assembleia municipal de Vale de Cambra e assembleias de freguesia de Arões e Junqueira aprovaram uma moção referente ao estado recorrente de falta de médico nas duas freguesias mais distantes do centro do concelho, com cerca de 2000 habitantes, na sua maioria, idosos. A moção vai ser enviada ao Presidente da República, Primeiro Ministro, Ministra da Saúde, entre outros organismos da área.
Cristina Maria Santos
A assembleia municipal de Vale de Cambra e as assembleias de freguesia de Arões e Junqueira aprovaram uma moção, apresentada pelo grupo municipal do CDS/PP local a demonstrar “descontentamento” com o estado da saúde nos polos de Arões e Junqueira, e pedir a “imediata” normalização dos serviços de saúde.
Os deputados demonstram o descontentamento por esta ser “uma situação recorrente”, refere a moção, que foi apresentada na Assembleia Municipal do dia 27 de junho, pelo deputado municipal do CDS, Simão Dias e nas assembleias de freguesia de Arões e Junqueira, no dia 28 de junho, pelos membros eleitos pelo CDS, Pedro Ferreira e Rita Casal, respetivamente. O documento foi aprovado por unanimidade nos três órgãos autárquicos.
O documento alerta ainda que a falta de médicos dos polos de Arões e Junqueira, “deixa esta população em situação de vulnerabilidade face a um direito básico de acesso aos cuidados de saúde primários”.
Assembleia municipal e de freguesias exigem assim a “imediata” normalização dos serviços de saúde prestados nos polos de Arões e Junqueira, pertencentes à Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) de Macieira/Arões.
Na moção, segue ainda um pedido de esclarecimento à Administração Regional de Saúde do Norte sobre a situação que levou à inexistência de médico nos referidos polos e quais as medidas que estão a ser tomadas para a sua normalização.
Os deputados solicitam “um serviço permanente, estável e duradouro para que os utentes possam recuperar a confiança no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e este contribua de forma efetiva para o combate ao despovoamento do interior”, sublinha o documento, que também pede uma reunião com o secretário de estado adjunto e da saúde, com a presença dos presidentes de Câmara e Assembleia Municipal de Vale de Cambra e das juntas de freguesia de Arões e Junqueira.
A moção vai ser enviada ao Presidente da República, Primeiro Ministro, Ministra da Saúde, Área Metropolitana do Porto, Grupos Parlamentares, Administração Regional de Saúde do Norte, ACES Aveiro Norte e Juntas e Assembleias de Freguesia de Arões e Junqueira.
O documento alerta para o facto se tratar de duas freguesias do interior do concelho de Vale de Cambra, “constituídas por cerca de dois mil habitantes com, maioritariamente, população idosa, com graves problemas de saúde que requerem muito acompanhamento, em situação de isolamento e sem retaguarda familiar”, sublinha.
Lembra também que, nas épocas altas de verão e natal, a população duplica com a chegada dos emigrantes.
“São freguesias com um total de 40 aldeias, dispersas geograficamente e distantes do centro do concelho, com uma escassa rede de transportes e difíceis acessibilidades”, alerta ainda.
A pandemia Covid-19 trouxe maiores preocupações a este nível, refere a moção.
“A falta deste serviço de proximidade compromete a saúde e o bem-estar destas populações, com a agravante de que nos últimos dois anos, derivado ao contexto de pandemia, viram o acompanhamento de saúde ainda mais limitado, pelo que não podemos tolerar a inexistência destes cuidados de saúde nestas freguesias”, salienta.
O documento explica que a Câmara Municipal (CDS) e as duas juntas de freguesia (CDS) não têm competências nesta área para resolver estes problemas, mas que, ao longo destes últimos anos, têm alertado e reivindicado um melhor funcionamento do SNS neste território.
“De referir a colaboração que as autarquias de Vale de Cambra asseguraram ao Ministério da Saúde durante todo o período pandémico que se traduziu no investimento de centenas de milhar de euros no combate ao COVID-19, substituindo-se assim ao estado central”, reforça.
Num período em que se debate a transferência de competências na área da saúde, o CDS/PP diz estar preocupado com o facto dos órgãos autárquicos locais não poderem intervir na definição da rede de cuidados primários de saúde a prestar à população.
“Fomos excluídos pelo poder central de ter um papel ativo nesta área e remetem-nos a um papel de meros tarefeiros do estado”, conclui a proposição.