Manuel Gonçalo Bastos de Pinho faleceu esta segunda-feira, com 83 anos. O professor do ensino primário, foi também um homem de causas, e impulsionador e fundador do jornal A Voz de Cambra.
Decorria o ano de 1971 e o professor do ensino primário tinha então chegado da Guerra Colonial quando percebeu que era “anseio de cambrenses, bairristas” publicar, em Vale de Cambra, um órgão de informação atualizado, onde todos pudessem “exprimir as suas ideias válidas”.
“O dever de prestar um contributo para o desenvolvimento da terra natal”, falou bem alto e juntou-se a Adolfo Coutinho para assumirem “o compromisso com a verdade e a informação de qualidade”.
Numa entrevista a este jornal, 44 anos mais tarde (em 2015), o “Professor Gonçalo”, como é conhecido em Vale de Cambra, recordava-se bem desta “aventura”, que tinha de passar pela censura antes de chegar às bancas.
“O objetivo passava por formar e informar sem omitir ou deturpar factos essenciais, mas a repressão política vivida na altura, retirou-nos muitas vezes, aquilo a que nos propusemos na primeira edição”, explicava Manuel Gonçalo, na edição de comemoração do 44 aniversário do periódico.
Recordava-se bem do feedback que teve dos emigrantes valecambrenses quando receberam pela primeira vez o jornal que trazia notícias da sua terra. Em plena Guerra colonial, as notícias da terra chegavam a ser a única forma de saberem o que acontecia na sua terra natal, sublinhava Manuel Gonçalo. Contava-nos ainda um episódio de um homem que vinha a pé de Oliveira de Azeméis para Vale de Cambra, para comprar a edição do jornal. 44 anos depois, o professor considerou ser este jornal, agora “um senhor respeitável” e que continuava a defender os mesmos princípios da sua fundação – informação de qualidade, ajustada aos princípios da ética e do compromisso com a verdade.
Mas não foi só aqui que o “professor Gonçalo” se destacou nas suas ações. Homem ligado à igreja, tendo fortes vínculos à Conferência de S. Vicente de Paulo, também liderou e integrou várias associações do concelho, nomeadamente de carácter social e cultural. Manuel Gonçalo é ainda recordado como alguém com convicções fortes e um monárquico convicto.
Manuel Gonçalo Bastos de Pinho faleceu esta segunda-feira, com 83 anos e vai a sepultar, esta terça-feira, pelas 15h30, na igreja da freguesia de S. Pedro de Castelões, de onde é natural.