As duas peças de teatro: “Volfrâmio: Suor o deu, miséria o levou” e “Diáspora Cambrense”, da autoria de Alberto Bastos, ficarão agora eternizadas em livro, editado pela Associação Cívica Alberto Bastos em parceria com a Câmara de Vale de Cambra. A apresentação da obra ficará a cargo do valecambrense, médico, escritor e pintor Adão Cruz e do professor Júlio Marques e vai acontecer no dia 7 de janeiro, pelas 17h, na Biblioteca Municipal de Vale de Cambra.
Cristina Maria Santos
“Volfrâmio: “Suor o deu, miséria o levou” já foi peça de teatro, representada pelo autor e encenador Alberto Bastos, em 2016. A história ficará agora eternizada em livro.
Em vida, Alberto Bastos lembrou, em entrevista ao Voz de Cambra, que esta peça resultou de um trabalho de longa pesquisa, onde entrevistou alguns idosos que sobreviveram ao drama de outrora.
“Encarnamos alguns Castelonenses que “estoiraram” nas minas de Rio de Frades na década de 40, auge da II.ª Guerra Mundial, como José Martins de Pinho (futuro sargento-ajudante da Marinha) e o Manel “Caniço” que regressou contaminado com silicose. Em Nogueira do Cravo, íamos no final do 3.º acto, e bebíamos umas “malgadas” a jogar suecada num tasco de Arouca: – Fogo e navalhada! Se alguém faz mais batota eu estripo um! Dizia o Caniço, a naifa em punho, e, com o entusiasmo, esqueceu-se de tossir. Então, e também “perdido”, o colega mineiro Albano: – Ó Berto, então hoje não tosses? E o Caniço, “ronca-lhe”: – Ó Albano, tu stás bêbado, ou quê?! Eu sou o Manel, o Caniço!… De imediato três tossidelas, puxa do lenço que leva à boca e ao nariz e vê-se-lhe sangue… Refira-se que neste drama histórico-biográfico, baseado em factos reais, trabalharam 4 elementos da mesma família: Ermelinda Gomes, António José Gomes (marido), António Jorge (filho) e Carolina Costa (neta)”, explicava pormenorizadamente o encenador.
A peça de teatro “Diáspora Cambrense” também será retratada neste livro e conta a vida dos valecambrenses emigrantes. Alberto Bastos escreveu esta peça em homenagem ao seu falecido pai, tendo sido também ele emigrante.
Alberto Bastos faleceu no dia 1 de janeiro de 2022. Tinha 74 anos, mais de 50 dedicados à escrita e ao teatro, onde representou mais de 200 papeis diferentes.
Este é o primeiro evento em homenagem póstuma ao indivíduo, ao cidadão e ao artista Alberto Bastos, explicou a Associação Cívica Alberto Bastos, criada e apresentada em dezembro deste ano e que conta com a parceria da Câmara de Vale de Cambra.
A Associação – sem fins lucrativos e com sede em S. Pedro de Castelões, freguesia de onde era natural Alberto Bastos – pretende dar continuidade à sua obra, nos planos cultural, social, cívico e desportivo e promover, nas gerações mais novas, o sentido de envolvimento e a sua intervenção na vida comunitária.
Durante o ano de 2023, a Associação, em parceria com o Município, vai organizar eventos culturais e desportivos, tais como: um Prémio Literário, um Prémio de Atletismo e, ainda o Festival de Teatro ENTRAI Alberto Bastos.