Um grupo de encarregados de educação enviou, esta semana, uma carta aberta e um abaixo assinado a vários governantes e entidades estatais a apelar pela manutenção do posto de trabalho de uma professora do ensino básico da Escola de Vila Chã, em Vale de Cambra, cuja permanência afirmam estar “em risco”.
Cristina Maria Santos
Em causa, explicou ao Voz de Cambra a representante do grupo de 24 signatários (encarregados de educação), está “o bem-estar e equilíbrio emocional” dos alunos que irão iniciar, em setembro, o 3º ano e que são acompanhados por aquela docente, desde o segundo ano, em substituição da professora titular, que se ausentou por motivos de saúde e se encontra em baixa prolongada.
Marli Silva explicou que a continuidade da professora Susana Couto, colocada naquela Escola, está em risco por se tratar de uma docente contratada e, por isso, só poder exercer a profissão temporariamente.
“Não achamos justo que, depois de ter consolidado todo um trabalho, e com um grande esforço, seja colocada noutro sítio qualquer e as crianças voltem a ter de mudar de professor, mais uma vez”, explicou ao Voz de Cambra.
A encarregada de educação assegura que os alunos ficaram transtornados com o facto de virem a perder a sua professora, uma vez que foi “um pilar fundamental” depois de um período marcado pela Pandemia e confinamento, e de passarem por eles, vários professores, com diferentes métodos de ensino.
“Numa semana chegaram a ter uma professora diferente por dia, tendo mesmo acontecido num dos dias terem uma professora no período de aula da manhã e outra no período da tarde. Foram tempos conturbados em que as crianças não só perderam a nível de aprendizagem, ficando visivelmente com lacunas, mas também perderam a nível emocional e psicológico”, referiu.
Marli Silva assegurou, ainda, que os pais, alunos e toda a comunidade escolar, bem como a própria docente “pretendem o mesmo”, a permanência daquela professora que consideram “extremamente competente e muito querida pelos alunos”.
“Os alunos construíram uma relação emocional muito forte com ela, por isso, achamos que não faz sentido não ser ela a concluir o trabalho, no terceiro ano e até a professora titular voltar ao trabalho”, acrescentou.
Marli Silva salientou ainda o facto da professora Susana Couto ter ajudado estes alunos a ultrapassar as dificuldades encontradas durante este ano letivo com as aulas a serem dadas em contentores, que se encontram no recinto da antiga escola da sede de Vale de Cambra, porque o edifício da Escola Básica de Vila Chã encontra-se em obras.
O documento, a que o Voz de Cambra teve acesso, foi enviado em missivas ao diretor do Agrupamento de Escolas de Búzio, onde se insere a escola, ao Ministério da Educação, à Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (GEsTE), Direção-Geral da Administração Escolar (DGAE), à Câmara Municipal de Vale de Cambra, aos grupos com assento parlamentar na Assembleia da República e ao Presidente da República.
A encarregada de educação, disse, ainda, que nenhuma das razões invocadas pela tutela, fazem sentido neste caso, uma vez que se trata da continuidade do bem-estar e equilíbrio emocional de várias crianças, que deveria ser tido em conta.
Ao Voz de Cambra, Marli Silva deu a conhecer o documento de resposta ao comunicado enviado para a DGEsTE, que informa que a colocação de docentes nos estabelecimentos de ensino se rege pelo Decreto-Lei n.º 32-A/2023, de 8 de maio, pelo que é com enquadramento nesta normal jurídica que haverá lugar ao preenchimento das necessidades de docentes.
A Direção lembrou ainda que “o processo de planeamento, gestão e execução de procedimentos concursos se encontra abrangido pela esfera de competências da Direção-Geral da Administração Escolar”.