A Assembleia de Freguesia de Macieira de Cambra rejeitou, no dia 29 de maio, a localização proposta para a construção de um Ecocentro, junto à Avenida Dr. António Fonseca, atuais instalações do estaleiro da Autarquia, cujo projeto foi candidatado pelo Município de Vale de Cambra a fundos comunitários. Os macieirenses concordam com a criação do equipamento no concelho, mas discordam quanto à sua localização. O Município considera que construção do primeiro equipamento do género no concelho faz todo o sentido naquele local e garante que não trará qualquer impacto visual ou ambiental.
Cristina Maria Santos
Esta proposta colide com as expectativas da junta de freguesia de Macieira de Cambra em vir, no futuro, a criar um espaço urbano na zona envolvente à Avenida Dr. António Fonseca, com vista a ser a principal via de acesso à freguesia e com potencial económico.
“Esta artéria representa a porta de entrada da freguesia e um local nobre com potencial estratégico para o desenvolvimento social e económico de Macieira de Cambra, vila de grande valor histórico”, explicou o presidente, Victor Tavares, ao Voz de Cambra.
Durante o período aberto ao público, cerca de duas dezenas de pessoas intervieram para mostrar a sua indignação e rejeição ao projeto, submetido a candidatura pela Câmara Municipal de Vale de Cambra.
A Assembleia de Freguesia teve apenas um ponto na ordem de trabalhos: análise da localização do futuro Ecocentro Municipal, junto à Avenida Dr. António Fonseca, nas atuais instalações do estaleiro da Autarquia.
Desta resultaram duas propostas, apresentadas pela bancada do Partido Socialista e aprovadas por unanimidade. A primeira, o lançamento de um abaixo-assinado físico, aberto a toda a população, com o objetivo de recolher opiniões sobre o projeto e a segunda a aprovação de uma moção de oposição à localização prevista.
“Não se trata de uma questão partidária, política e ou pessoal. Esta Junta é, aliás, completamente a favor do projeto do Ecocentro, mas discorda totalmente da localização proposta” pela Câmara de Vale de Cambra, sublinharam os membros da Assembleia.
O vereador do Ambiente José Alexandre Pinho, participou nesta sessão de esclarecimento, onde defendeu a construção do primeiro equipamento do género no concelho, nas atuais instalações do estaleiro da Câmara, tendo em conta: o facto de ficar instalado numa propriedade do Município e ser complementar às atividades da Autarquia; as boas acessibilidades; por ser um local centralizado a nível do concelho; a facilidade na sua gestão, considerando a proximidade com os restantes serviços camarários; e a requalificação de um espaço degradado.
Um outro aspecto que foi focado pela Autarquia como “mais valia”, foi o local ter um relevo natural do terreno, que minimiza as movimentações de terra necessárias para a criação das plataformas.
“O objetivo passa também por aproveitar as características morfológicas do terreno, e ali se implantar o Ecocentro em duas cotas, com um desnível, de modo a facilitar a deposição de resíduos no interior dos contentores”, explicou também a equipa projetista, ao Voz de Cambra, numa reunião que juntou elementos do Município, responsáveis pelo projeto e a junta de freguesia de Macieira de Cambra.
Para além disso, segundo o vereador, haverá a preocupação de oferecer a quem entrar neste Ecocentro uma imagem positiva do local, visualizando, em primeiro lugar, os edifícios de apoio, ligados entre si por uma mesma cobertura, e não os contentores com os resíduos. A zona envolvente será ainda alvo de tratamento paisagístico, não tendo por isso qualquer impacto visual do equipamento.
Este foi, de resto, um dos motivos que levou também alguns populares a fazerem um abaixo-assinado enviado à Câmara e Assembleia Municipal, que exige ao Município que “abandone” a sua pretensão de instalar um Ecocentro naquele que consideram ser “o coração de Macieira de Cambra”.
Reforçam ainda que a mesma “deve encontrar outro local mais adequado e onde os impactos visuais e ambientais possam ser mitigados com maior eficácia”.
Em resposta, o Município explica que o Ecocentro “não é uma lixeira a céu aberto; não é um aterro; não é um local de circulação de viaturas de recolha de resíduos indiferenciados; não é um local de descargas sem regras; e ainda, que a freguesia de Macieira de Cambra não iria ficar prejudicada com a construção do equipamento. Muito pelo contrário, “daria um contributo real” para combater a deposição ilegal de resíduos de construção, “monstros” ou eletrodomésticos em áreas florestais e baldios.
Não obstante a existência de “inúmeras vantagens” na atual localização do projeto, o Município de Vale de Cambra irá estudar uma localização alternativa, “desde que a mesma seja viável”.
Ao Voz de Cambra, José Alexandre Pinho disse haver uma “significativa” deposição ilegal por todo o concelho, considerando ser esta uma preocupação.
“É bastante frequente encontrarmos montureiras e lixeiras, onde são depositados resíduos de pequenas construções e demolições ou outro tipo de lixos, bem como abandono de resíduos junto aos contentores, uma prática que é considerada um crime ambiental”, alertou.
Na sessão levada a cabo pela Assembleia de Freguesia de Macieira de Cambra, a Autarquia mostrou algumas imagens de deposições ilegais junto a contentores, como exemplo do que existe um pouco por todo o concelho.
Para além de combater a deposição ilegal de resíduos e incentivar a recolha seletiva, o Ecocentro Municipal tem como objetivo incluir uma área para desenvolvimento de atividades e workshops de temática ambiental, promovendo também a economia circular, sublinhou ainda a equipa projetista.
Segundo o presidente da Câmara, José Pinheiro, este será também um espaço destinado à sensibilização ambiental, acessível à população em geral e especialmente direcionado para a comunidade escolar.
O projeto do Ecocentro tem como princípio orientador o aumento da recolha seletiva multimaterial, através da deposição ordenada dos resíduos valorizáveis num único local, com “uma forte aposta na área da educação e sensibilização ambiental”, sublinhou ainda o edil.
Num investimento que ronda os 830 mil euros – financiado a 85% com o apoio de fundos comunitários – a ser aprovada a candidatura, o Ecocentro será construído com uma área útil disponível de 4500 metros quadrados, dotado de instalações de apoio e de equipamentos com capacidade para a recolha seletiva de materiais passíveis de valorização, tais como: resíduos verdes; pneus; monos; madeiras; embalagens metálicas; vidros planos; embalagens de plástico; papel/cartão; e encontra-se disponível 24 horas, para têxteis; brinquedos; óleos vegetais e minerais; pequenos Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos (REEE); rolhas de cortiça; lâmpadas; pilhas e acumuladores; baterias; tones e tinteiros; e contentores de reserva.