Cerca de 2600 alunos regressaram esta segunda-feira às escolas do Agrupamento de Escolas de Búzio, em Vale de Cambra para um ano letivo que traz mudanças. A proibição dos telemóveis para os alunos até ao 9.º ano, alterações na disciplina de cidadania e o reforço do apoio à deslocação dos professores. A direção do Agrupamento adianta que as medidas foram bem acolhidas pelos alunos, no primeiro dia de aulas.
Cristina Maria Santos
No Agrupamento de Escolas de Búzio, com cerca de 2600 alunos distribuídos por 15 escolas, o ano letivo arranca marcado pela proibição de utilização de smartphones na escola, até ao 9.º ano.
Segundo adiantou o diretor do Agrupamento ao Voz de Cambra, no primeiro dia de aulas, os alunos mostraram-se “tranquilos” com as mudanças. Apesar de não ser totalmente a favor da proibição, considerando que o problema está no mau uso do aparelho, o diretor Pedro Martins, considera que o objetivo é sempre promover a socialização.
Neste ano letivo, o Governo decidiu avançar com a proibição do uso do telemóvel para os estudantes do 1.º e 2.º ciclos e recomendou a extensão da proibição para os do 3.º ciclo, nos casos em que partilham os espaços com os alunos mais novos.
No que concerne ao Agrupamento de Escolas de Búzio – Vale de Cambra, este proibiu o uso de telemóveis dentro do espaço escolar para os alunos do 1.º ao 3.º ciclos (até 9.º ano), excetuando-se a sua utilização, em contexto pedagógico, sempre que um professor pretenda utilizar o telemóvel; pelos alunos PLNM para efeitos de tradução; e para efeitos de controle no âmbito da saúde.
Segundo a direção da Escola, a decisão foi tomada em consonância com os encarregados de educação, aprovado em Conselho Geral, após a aplicação de um inquérito, por parte da Associação de Pais à comunidade escolar, sobre o uso do telemóvel em contexto escolar, que revelava que mais de 60% concordavam com a sua proibição.
Quanto às possíveis sanções, o Ministério da Educação dá autonomia aos agrupamentos para decidirem.
Além da questão dos telemóveis, a disciplina de Cidadania sofre também alterações. A revisão da disciplina de cidadania reduziu de 17 para oito as áreas de aprendizagem e o Governo garantiu que a sexualidade continuará a ser abordada nas salas de aula, no domínio da saúde, e a área da Literacia Financeira passa a ser transversal a todos os anos letivos.
Ainda antes do arranque do ano letivo, o Governo aprovou um novo pacote de medidas para atrair professores. Devido à falta de docentes, o Governo reforçou os apoios à deslocação. A partir deste ano, todos os docentes deslocados passam a receber compensação, desde que estejam deslocados a mais de 70 Km. O valor pode chegar aos 500 euros mensais para quem está em escolas consideradas carenciadas e a mais de 300 Km. Esta ajuda tem efeitos a partir de 1 setembro e vai ser paga ao longo de 11 meses. Segundo o diretor do Agrupamento de Escolas de Búzio, num universo de cerca de 300 professores, menos de uma dezena beneficia deste apoio.
No contexto escolar do único Agrupamento de Vale de Cambra, a falta de professores é “mínima” neste arranque do novo ano letivo, faltando apenas “dois ou três professores, que serão colocados brevemente, uma vez que só agora foi possível abrir concurso a nível de escola”, revelou o diretor Pedro Martins.
Este ano letivo, a Escola de Janardo, em S. Pedro de Castelões, perde o ensino pré-escolar, por falta de alunos e fica a funcionar apenas com o 1.º ciclo do ensino básico.
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Colóquio da Educação reuniu mais de uma centena de elementos da comunidade escolar do concelho.
O décimo Colóquio da Educação em Vale de Cambra, decorreu no dia 11 de setembro e contou com a presença de 134 participantes entre docentes, dirigentes e técnicos das escolas do concelho e das instituições locais.
O encontro marcou o arranque do ano letivo no concelho, este ano, com o mote: “Na escola, abraçamos o Mundo”.
O evento decorreu no Centro Cultural de Macieira de Cambra e é promovido pela Câmara Municipal de Vale de Cambra (Projeto Raízes), em parceria com o Agrupamento de Escolas de Búzio.
Depois de aberta a sessão pelo presidente da Câmara de Vale de Cambra, José Pinheiro e o diretor do Agrupamento de Escola de Búzio, Pedro Martins, o colóquio iniciou com o tema: “Transformação Digital na Educação: Os contributos da Inteligência Artificial, por Marco Bento, Investigador em Tecnologia Educativa,.
O colóquio deu continuidade ao primeiro painel com a intervenção de Ricardo Castro, do Centro Avançado de Saúde Mental e Investigação – CASMI e, logo a seguir, um momento artístico “O (Re)Conto que Matou o Medo”, do Projeto Incluir, da Associação Cultural 2 Singular.
O segundo tema abordado foi “Multiculturalidade na Escola: Derrubar barreiras, (co)construindo o sucesso”, com Sandra Mendes, professora auxiliar no Instituto Superior de Serviço Social do Porto.
O vencedor do Global Teacher Prize Portugal 2025, José Oliveira esteve presente e interviu no evento.
Ao Voz de Cambra, a vereadora da educação, Mónica Seixas, que encerrou o evento, sublinhou a importância desta iniciativa para a comunidade escolar do concelho.
À semelhança de anos anteriores, esta iniciativa foi acreditada pelo Centro de Formação da Associação de Escolas de Arouca, Vale de Cambra e Oliveira de Azeméis – CFAE AVCOA.