Médico ucraniano, que deu consultas em Vale de Cambra, já recebeu os bens reunidos pelo movimento “Vale solidário”, que contou com a ajuda da população valecambrense, depois do apelo sentido de Sergey Voronyak que agora está na linha da frente no socorro ao seu povo.
Uma carrinha com material hospitalar, alimentos, medicamento, produtos de higiene pessoal , agasalhos, etc. chegou esta segunda-feira às mãos do médico Sergey Voronya, que o distribuirá por hospitais e pela ajuda humanitária existente na Ucrânia.
O médico, que chegou a dar consultas em Vale de Cambra, apelou à solidariedade para com o seu povo ucraniano, que sofre as consequências da invasão russa.
Sergey Voronyak foi médico em Portugal durante 20 anos. Nos últimos anos, antes de regressar à Ucrânia, exerceu a profissão em Arouca e em Vale de Cambra.
O especialista em medicina geral, regressou ao país de origem há meio ano para estar com a família e enfrenta agora uma cenário de guerra e sofrimento.
Impotente perante a falta de material necessário ao socorro dos feridos que combatem e dos que fogem guerra na Ucrânia, Sergey Voronyak apela a todos os portugueses, em especial os concelhos que o acolheram, para ajudarem de alguma forma.
“As sirenes dispararam na minha cidade em diversos momentos, alertando para risco de ataque. Preparámos abrigos em porões/bunkers com reservas de água, alimentos, medicamentos. Foram acontecendo várias explosões em algumas cidades (Volodumur) a cerca de 80 km de distância de minha casa.
Muitos refugiados da guerra das zonas ocupadas do oeste do país, estão recolhidos na nossa região, oferecemos abrigo, alimentação, roupa para pessoas praticamente desconhecidas”, relata o médico em mensagem enviada ao grupo “Vale solidário”, a 28 de fevereiro.
A viver numa cidade próxima à fronteira com a Polónia, o médico salienta o a importância de ajudar as famílias que por ali passam.
“É importante conseguirmos dar apoio para as pessoas que aguardam na fila de espera. Na fronteira já funcionam barracas improvisadas, os moradores entregam chá, café, bolachas, cobertores, roupa para ajudar os refugiados.
O cenário a que assiste é “devastador”, sublinha.
“A fila de carros na fronteira com a Polónia envolve uma espera de mais que 24 horas (cerca de 20 km). Com a lei marcial decretada na Ucrânia, todos os homens ucranianos entre 18 e 60 anos não estão autorizados a deixar o país. Na fronteira, assiste-se constantemente aos homens que vão levar somente as famílias. Os homens querem ficar, lutar e dar seu sangue pelo seu país. É horrível passar o dia e a noite num carro com crianças pequenas com temperaturas de ambiente negativas durante a noite”, reforça.
Vale de Cambra e Arouca uniram-se e criaram um movimento solidário de recolha de bens para enviar para o médico e continuam a apelar à solidariedade de todos. Os interessados em continuar a ajudar nesta causa, podem contactar o movimento através da página do Facebook: Vale Solidário.