Paula Mourão do Amaral Coutinho, natural de Macieira de Cambra, Vale de Cambra era médica neurologista, professora e investigadora. Considerada pioneira da neurogenética em Portugal, a cientista morreu no passado sábado, 11 de junho, numa residência para idosos onde já vivia há cinco anos.
Paula Coutinho dedicou-se ao estudo das doenças neurodegenerativas, em particular à paramiloidose (vulgarmente conhecida por doença dos pezinhos) e à doença de Machado-Joseph. Hoje, é considerada uma das maiores impulsionadoras da genética preditiva em Portugal.
Morreu no passado sábado na residência onde vivia há já cinco anos, após algumas semanas de um débil estado de saúde.
A médica, licenciou-se na Faculdade de Medicina do Porto, com 18 valores, e iniciou a sua carreira no Hospital Geral de Santo António, onde foi estagiária, interna geral e complementar, especialista, assistente, chefe de clínica e de serviço. Nesta unidade hospitalar foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian e aqui começou a investir na aplicação da imunofluorescência na polineuropatia amiloidótica familiar.
Foi consultora clínica no Centro de Estudos de Paramiloidose, no Porto, e professora convidada de Neurologia no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (1979-1998). Integrou a equipa de investigação da UnIGENe (Unidade de investigação Genética e Epidemiológica em Doenças Neurológicas).
Entre 2000 e 2011 esteve envolvida na criação e desenvolvimento do Hospital de S. Sebastião, Santa Maria da Feira, (CHEDV), assumindo a direção do Centro de Responsabilidade Médica e do Serviço de Neurologia.
Foi autora ou coautora de dezenas de artigos científicos em publicações e ganhou a primeira edição do Prémio Bial (1993), com a sua tese de doutoramento, intitulada “Doença de Machado-Joseph: tentativa de definição”.
Paula Coutinho nasceu em Macieira de Cambra, Vale de Cambra, terra que lhe prestou a última homenagem, em novembro de 2014, numa cerimónia que decorreu no Centro Cultural em Macieira de Cambra. A homenagem contemplou ainda uma exposição intitulada “Cuidar dos Doentes, investigar as doenças” no Museu Municipal sobre a vida e a obra da homenageada.
Aqui, a médica foi elogiada pela sua dedicação, vontade, solidariedade e espirito inovador.
“A grandiosidade de alguém que pelo seu posicionamento e pela qualidade do seu trabalho viu o mesmo reconhecido no país e no estrangeiro”, referiu na altura, o presidente da Assembleia Municipal, Rui Leite.
A junta de freguesia de Macieira de Cambra já veio lamentar a morte da macieirense, lembrando o legado que deixou ao país e ao mundo.
“Com uma longa carreira na medicina, caracterizada pela excelência do seu trabalho, a macieirense Paula Coutinho dedicou a sua carreira sobretudo à prática e ensino da neurologia, a neurogenética e a neuroepidemiologia e, em particular, à polineuropatia amiloidótica familiar (paramiloidose) e à doença de Machado-Joseph”, referiu a junta de freguesia.