A salmonelose é uma doença bacteriana causada pela bactéria Samonella (exceto S. Typhi ou S. Paratyphi). É uma doença de notificação obrigatória (Despacho n.º 1150/2021, de 28 de janeiro de 2021). Frequentemente, a doença manifesta-se por uma gastroenterite com início súbito de diarreia, dor abdominal, febre e vómitos. Aproximadamente 8% das pessoas desenvolve bacteriemia (bactérias em circulação na corrente sanguínea) ou infeção focal (meningite, osteomielite ou artrite séptica). A desidratação pode ser severa no primeiro ano de vida e nos idosos. As infeções invasivas e morte, apesar de raras, ocorrem com maior frequência nos bebés, idosos e pessoas com condições de imunossupressão (p.e. infeção pelo vírus da imunodeficiência humana – VIH, hemoglobinopatias ou neoplasias).
A Salmonella pode encontrar-se no intestino do Homem e de outros animais. A transmissão da bactéria ocorre predominantemente por via fecal-oral através do consumo de alimentos ou água contaminada por fezes de animal. Já foi descrita a transmissão por contacto direto ou indireto com animais infetados ou o seu ambiente, e pessoa-a-pessoa.
O período de incubação, isto é, o tempo entre a entrada do microorganismo no ser humano e o primeiro sintoma é de 6 a 72 horas, embora possa atingir 16 dias.
Nos últimos 5 anos foram notificados no ACeS Aveiro Norte (Oliveira de Azeméis, São João da Madeira e Vale de Cambra) 24 casos de salmonelose, com uma média de idade de 12 anos. A maioria dos casos é do sexo masculino (58,3%).
É necessária uma abordagem multidimensional para a prevenção desta doença. Considerando o modo de transmissão da salmonelose, é fundamental a higienização das mãos antes, durante e após a manipulação de alimentos, após o contacto com animais (nomeadamente aves, répteis e anfíbios), após a utilização dos sanitários e após o procedimento de muda de fraldas aos bebés e dependentes. Outras medidas preventivas incluem a lavagem adequada dos legumes/frutas, a correta cozedura dos alimentos, evitar o consumo de ovos crus/caseiros/com sinais de casca danificada e ainda de produtos não-pasteurizados.
A Salmonella encontra-se fortemente associada a águas recreativas, como é o caso da água do rio. O Programa de Vigilância Sanitária das Zonas Balneares Interiores prevê um conjunto de ações de monitorização, de carácter periódico, sob a responsabilidade das Autoridades de Saúde, destinadas a localizar, identificar e procurar evitar, anular ou corrigir, riscos para a saúde humana. Entre os parâmetros microbiológicos que poderão ser monitorizados durante a época balnear incluem-se: Escherichia coli, Enterococos intestinais e Salmonella. A Autoridade de Saúde Regional interdita o uso destas zonas, quando se constata que a qualidade da água fluvial coloca em risco a saúde dos utilizadores. Sempre que se verifiquem dois resultados consecutivos que ultrapassem os valores de referência, quer para os parâmetros microbiológicos, quer para a pesquisa de Salmonella com resultado positivo, deverá a Autoridade de Saúde Local informar a Autoridade de Saúde Regional, para efeitos de interdição do uso da água fluvial. Deste modo, é disponibilizado para afixação o cartaz de interdição, bem como a “Informação ao Público”, cujo conteúdo pretende elucidar os utilizadores para os motivos da interdição, bem como para as consequências para a sua saúde.
Sempre que os utilizadores das praias fluviais de Burgães, Paço de Mato e Pontemieiro pretendam ir a banhos é fundamental, em primeiro lugar, verificar se a utilização da água não está interdita a banhos. Para isso, o cidadão deve dirigir-se, previamente, ao placard de afixação de documentos localizado à direita do areal da praia fluvial de Burgães, e nas plataformas superiores (adjacente à entrada/ acesso) das zonas balneares das praias de Paço de Mato e Pontemieiro.
Pela sua saúde proteja-se.